A antidopagem e seus regimes tecnoburocráticos [recurso eletrônico] : ciência e moralidade no governo de corpos de atletas
TESE
Português
T/UNICAMP Si32a
[Anti-doping and its technobureaucratic regimes]
Campinas, SP : [s.n.], 2018.
1 recurso online (302 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Marko Synésio Alves Monteiro
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
Resumo: A presente tese consiste em um estudo da trajetória das estratégias e políticas de antidopagem, que enfatiza as mudanças ocorridas nos regimes tecnoburocráticos envolvidos na construção da oposição entre dopagem e antidopagem. As políticas de antidopagem configuram um objeto relevante para...
Resumo: A presente tese consiste em um estudo da trajetória das estratégias e políticas de antidopagem, que enfatiza as mudanças ocorridas nos regimes tecnoburocráticos envolvidos na construção da oposição entre dopagem e antidopagem. As políticas de antidopagem configuram um objeto relevante para abordamos as dinâmicas de produção e circulação de conhecimento e a emergência de mecanismos de controle de atletas e de instituições que explicitam distintos modos de ordenar ciência e tecnologia na atualidade. A luta antidopagem é abordada como um processo tecnopolítico que constitui mutuamente ciência, tecnologia e valores culturais e morais, a partir do estabelecimento dos aparatos técnicos, científicos e burocráticos desenvolvidos para sua realização. Esta abordagem conceitual permite identificarmos nas políticas antidopagem e em suas estratégias um processo contínuo de construção de um problema tecnopolítico, que mobiliza continuamente diferentes agentes. Com isso, sustentamos que dopagem e antidopagem não sejam abordadas como entidades dicotômicas e extrínsecas a estes processos de realização de burocracias, práticas e saberes científicos e de determinadas dinâmicas institucionais, mas como o produto da articulação destas relações heterogêneas. O referencial conceitual da teoria ator-rede auxilia na descrição dos processos de associação, que permitem instaurar esta rede heterogênea de agentes e ressalta o caráter produtivo dos mecanismos de controle desenvolvidos pela luta antidopagem. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa lançou mão de diferentes ferramentas como a análise documental, entrevistas semi-estruturadas e pesquisa de campo para analisar as transformações das ações de antidopagem, além de problematizar o seu processo de implementação no país. O texto está dividido em duas partes. Na primeira abordamos a emergência destes regimes tecnoburocráticos até a sua reconfiguração pela Agência Mundial Antidopagem (WADA). Em sua tentativa de constituir uma nova tecnopolítica da antidopagem, a WADA instaurou um processo de padronização de regulações e mecanismos de controle, que conceitualizamos como suas tecnopolíticas de harmonização. Como resultado, nesses capítulos evidenciamos como o processo de padronização da antidopagem sobrepõe-se à emergência de novos mecanismos de controle de dopagem. As ações antidopagem passam a estabelecer novas formas de circunscrever o binômio dopagem-antidopagem através da introdução de seus artefatos de monitoramento articulados pela composição de uma rede de laboratórios, fluxos de conhecimento e procedimentos de testagem padronizados pela WADA. Já na segunda parte, que abrange os dois últimos capítulos, apresentamos a implementação dessas tecnopolíticas e mecanismos de controle de dopagem no Brasil, sendo que esseprocesso acompanhou a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A instauração destes regimes técnicos e burocráticos estipulados internacionalmente fora realizado pelo governo brasileiro e promoveu modificações na infraestrutura institucional, técnica e científica da antidopagem no país; modificações que visaram a introdução do país nesses fluxos de informações, conhecimentos, estratégias de controle instaurados pelo modelo de antidopagem padronizado da WADA. A tese explora como o caso brasileiro expõe as variações produzidas pelo próprio projeto de padronização da Agência, analisando como estes regimes tecnoburocráticos constituem diferentes contextos políticos e materialidades atravessados pela dicotomia dopagem e antidopagem
Abstract: The present thesis consists of a study of the trajectory of anti-doping strategies and policies, which emphasizes the changes that have occurred in the technobureaucratic regimes involved in the construction of the opposition between doping and anti-doping. Anti-doping policies constitute...
Abstract: The present thesis consists of a study of the trajectory of anti-doping strategies and policies, which emphasizes the changes that have occurred in the technobureaucratic regimes involved in the construction of the opposition between doping and anti-doping. Anti-doping policies constitute a relevant object to address the dynamics of production and circulation of knowledge and the emergence of mechanisms to control athletes and institutions that explain different ways of ordering science and technology today. The anti-doping struggle is approached as a technopolitical process that constitutes mutually science, technology and cultural and moral values, from the establishment of the technical, scientific and bureaucratic apparatus developed for its accomplishment. This conceptual approach allows us to identify in anti-doping policies and in their strategies an ongoing process of constructing a technopolitical problem that continually mobilizes different agent heterogeneities. With this, we maintain that doping and anti-doping are not approached as dichotomous entities and extrinsic to these processes of realization of bureaucracies, practices and scientific knowledge and certain institutional dynamics, but as the product of the articulation of these heterogeneous relations. The conceptual framework of actor-network theory helps to describe the processes of association, which allow the establishment of this heterogeneous network of agents and emphasizes the productive character of the control mechanisms developed by the anti-doping fight. From the methodological point of view, the research used different tools such as document analysis, semi-structured interviews and field research to analyze the changes in anti-doping actions, as well as problematizing its implementation process in the country. The text is divided into two parts. Meanwhile, in the first we address theemergence of these technobureaucratic regimes until their reconfiguration by the World Anti-Doping Agency (WADA). In its attempt to constitute a new anti-doping technopolitics, WADA has instituted a process of standardization of regulations and control mechanisms, which we conceptualize as its harmonization technopolitics. As a result, in these chapters we show how the anti-doping standardization process overlaps with the emergence of new doping control mechanisms. Anti-doping actions begin to establish new ways of circumscribing the doping-anti-doping binomial by introducing its monitoring artifacts articulated by the composition of a network of laboratories, knowledge flows, and testing procedures standardized by WADA. In the last two chapters we present the implementation of these technopolitics and doping control mechanisms in Brazil, this process accompanied the preparation for the Olympic Games in Rio de Janeiro. The establishment of these internationally stipulated technical and bureaucratic regimes was carried out by the Brazilian government and promoted changes in the institutional, technical and scientific infrastructure of anti-doping in the country. Modifications aimed at introducing the country in these flows of information, knowledge, and control strategies established by WADA's standardized anti-doping model. The thesis explores how the Brazilian case exposes the variations produced by the agency's own standardization project, analyzing how these techno-bureaucratic regimes constitute different political contexts and materialities crossed by the dichotomy of doping and anti-doping
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