Linguagem dos quadrinhos e culturas infantis = "é uma história escorridinha"
TESE
Português
T/UNICAMP Si38L
[Comic strips language and child cultures]
Campinas, SP : [s.n.], 2012.
237 p. : il.
Orientadores: Ana Lúcia Goulart de Faria, Zeila de Brito Fabri Demartini
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação
Resumo: Este trabalho apresenta o resultado de um estudo de caso realizado em uma pré-escola municipal de São Bernardo do Campo/SP, com crianças na faixa etária de 3 a 5 anos, cujo objetivo foi o de investigar a produção das culturas infantis a partir das experiências destas com a linguagem das...
Resumo: Este trabalho apresenta o resultado de um estudo de caso realizado em uma pré-escola municipal de São Bernardo do Campo/SP, com crianças na faixa etária de 3 a 5 anos, cujo objetivo foi o de investigar a produção das culturas infantis a partir das experiências destas com a linguagem das histórias em quadrinhos (HQs). Neste sentido, voltou seu olhar para as produções gráficas das crianças de modo a compreender como estas se apropriam dos códigos dos quadrinhos, o que deles reproduzem, inventam ou reinventam. Utilizou como procedimentos metodológicos: a observação e registro de campo; os relatos orais das crianças; a análise dos documentos oficiais da Rede Municipal de Educação e da pré-escola; entrevista com quadrinhista; e a análise das HQs produzidas pelas crianças. Dada à complexidade das relações que envolvem a educação da pequena infância, buscou uma interlocução com a filosofia, comunicação, sociologia, sociologia da infância, pedagogia da infância e arte. Parte do pressuposto, fundamentada nesta interlocução, de que as crianças pequenas participam coletivamente e de maneira ativa na sociedade da qual fazem parte, portanto, não só reproduzem a cultura do mundo adulto, mas ao apropriarem-se criativamente desta produzem as culturas infantis. Demonstra serem as HQs parte da cultura material da infância, que se constituem em suportes para aspectos simbólicos das culturas infantis, que as crianças pequenas compartilham entre si, com as professoras, e com suas famílias. A partir da análise dos dados, constatou no interior da pré-escola, como desdobramento de políticas educacionais neoliberais, um trabalho pedagógico escolarizante, que marcado por uma visão adultocêntrica, procura acelerar processos de escrita e formar para competências. Frente a este processo, deparou-se com movimentos de resistências das crianças pequenas, que constantemente reivindicavam gestos de ruptura contra o aceleramento do tempo do capital sobre suas vidas, demonstrando, em muitas situações, seu desejo de autonomia. Movimentos de resistências, ainda que tímidos, por parte da professora, também foram observados, sobretudo quando se permitia brincar com as crianças. Evidenciou que as crianças pequenas têm curiosidade pela linguagem dos quadrinhos procurando compreender seus códigos, seja na leitura seja na produção de HQs e em desenhos livres, em que não só reproduziam estereótipos como também inventavam soluções criativas para seus problemas gráficos. Aponta para a necessidade de outras pesquisas na área que continuem a investigar a relação das crianças pequenas com a linguagem dos quadrinhos, tendo as crianças e suas famílias como interlocutoras principais. Defende uma prática pedagógica que considere as vozes das crianças e a necessidade de uma formação docente que se constitua em uma formação estética na perspectiva da construção de um "olhar sensível pensante"; uma formação descolonizadora, que reconheça o outro e a outra em sua alteridade, o que implica ao professor e professora em reconhecer-se como autor e autora de seu próprio processo formativo.
Abstract: This thesis presents the results of a case study conducted in a municipal preschool of São Bernardo do Campo (São Paulo), with children aged 3 to 5 years, whose objective was to investigate the production of child cultures from the experiences of children with the language of comics. In...
Abstract: This thesis presents the results of a case study conducted in a municipal preschool of São Bernardo do Campo (São Paulo), with children aged 3 to 5 years, whose objective was to investigate the production of child cultures from the experiences of children with the language of comics. In this sense, the study is based on the graphic productions of children in order to understand how they grasp the codes of comics, how they replicate, how they invent or reinvent the use of this language. The investigation used as methodological procedures: the field observation and recordings; the oral reports of children; analysis of the official documents of the Municipal Administration of Education (São Bernardo do Campo) and the documents of preschool; an interview with a comic artist, and analysis of comics produced by children. Considering the complexity of the relationships that involve the education of young children, there is a dialogue with philosophy, communication, sociology, childhood sociology, childhood pedagogy and art. Based on this approach, it can be argued that young children participate collectively and actively in society to which they belong, therefore, they do not only reproduce the culture of the adult world, but creatively appropriate the child cultures. It demonstrates that comics are part of the material culture of childhood that constitute supports for symbolic aspects of child cultures that young children share with each other, with teachers and with their families. From the analysis of the data, it found within the preschool, as a consequence of neoliberal educational policies, a schooling oriented pedagogical work which, permeated by an adult-centered vision, seeks to accelerate the processes of writing and forming skills. Considering this process, the study highlighted the resistance of movements of small children, who constantly demand gestures of rupture against the acceleration of time imposed on their lives by Capitalism, demonstrating in many situations their desire for autonomy. Movements of teachers resistance, albeit timid, were also observed, especially when alowed to play with the kids. It showed that young children are curious about the language of comics trying to understand its code, either in reading or in the production of free comics and drawing, in which not only they reproduced stereotypes but also invente creative solutions to their graphical problems. It shows the need for further research in the field to continue investigating the relationship of young children with the language of comics, having children and their families as the main interlocutors. It advocates a pedagogical practice that considers the voices of children and the need for teacher training that would constitute a training in aesthetic perspective of building a sensitive view that leads to reflection; a decolonizing training, recognizing the other in this otherness, leading that the teacher to recognize himself as author of his own formative process
Linguagem dos quadrinhos e culturas infantis = "é uma história escorridinha"
Linguagem dos quadrinhos e culturas infantis = "é uma história escorridinha"
Exemplares
Nº de exemplares: 2
Não existem reservas para esta obra