Resumo: O conceito de ecossistema empreendedor enfatiza a identificação dos componentes cruciais dessa estrutura, as conexões entre as diversas dimensões existentes e sua influência no surgimento e desenvolvimento de negócios. O Empreendedorismo Intensivo em Conhecimento (KIE) está inserido neste contexto: são novas organizações com uma grande quantidade de conhecimento aplicado em seus empreendimentos, ocorrendo em setores de baixa e média-alta tecnologia e serviços. O KIE difere dos não-KIE na medida em que usam níveis avançados de conhecimento e inovação como base para competir no mercado, representando um tipo específico de empreendedorismo. O KIE também desempenha um papel consistente no processo alcance da sustentabilidade uma vez que essas organizações podem apoiar o desenvolvimento de conhecimentos relevantes para o cumprimento de metas socioambientais. Isso gera o que esta tese identifica como Empreendedorismo Sustentável Intensivo em Conhecimento (KISE) que segue as premissas básicas do KIE e adiciona a ela mais camadas. No entanto, o contexto teórico e empírico sobre o Ecossistema KISE ainda carece de discussões e refinamentos. Tendo em vista esse contexto, a tese tem como objetivo principal analisar o surgimento do conceito de Empreendedorismo Sustentável Intensivo em Conhecimento por meio de uma perspectiva ecossistêmica. A pesquisa foi construída a partir de três artigos. O primeiro fez uma análise do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e indicou fortes similaridades entre as características dos ecossistemas KIE e KISE. Contudo, ao desagregar o KISE em quatro domínios (Cidades, Saúde, Educação e Tecnologias Verdes), a "prontidão do ecossistema" para transições sustentáveis varia de mais madura (como no caso de HealthTechs com orientação inclusiva) a configurações muito incipientes (Cidades e EdTechs). A partir de uma análise de rede de patentes e acordos de transferência de tecnologia, além de estudo de caso qualitativo na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, Brasil), o segundo artigo analisou o processo de institucionalização da sustentabilidade em uma universidade empreendedora, considerando o papel do desenvolvimento e transferência de tecnologia. Os resultados sugerem a necessidade de integrar e coordenar estratégias para processos sustentáveis por meio da transferência de tecnologia. O desenvolvimento de patentes sustentáveis é realizado principalmente por pesquisadores via financiamento público. Mesmo com baixos níveis de engajamento institucional, a maioria dos acordos de licenciamento da Unicamp vem de patentes sustentáveis. O terceiro artigo usou de análise fatorial exploratória a partir de pesquisa envolvendo 485 alunos dos cursos de negócios e ciências exatas para demonstrar que há uma incompatibilidade entre o contexto universitário e as intenções empreendedoras sustentáveis. Mas, fatores relacionados à universidade e ao engajamento aluno-universidade destacaram significância positiva. Os alunos demonstraram maior interesse em atividades flexíveis ao interagir com abordagens complementares (programas de voluntariado, projetos comunitários, organizações estudantis, etc.). No geral, a tese argumenta que melhorar o empreendedorismo sustentável com altos níveis de intensidade em conhecimento requer iniciativas de baixo para cima (catalogar o que pesquisadores, professores, funcionários e alunos já estão fazendo que efetivamente contribui para uma mudança positiva e os impulsiona) e de cima para baixo (desenvolvimento de políticas, facilitação de mecanismos de suporte, parcerias, etc.). Notavelmente, esses esforços resultarão em uma cultura que utiliza as contribuições do KISE para promover o desenvolvimento sustentável – reconhecido como um vital para as gerações futuras Ver menos

Abstract: The entrepreneurial ecosystem concept emphasizes identifying the crucial components of such productive structures, the linkages among these dimensions, and their influence on the emergence and development of entrepreneurial ventures. Knowledge-Intensive Entrepreneurship (KIE) is embedded in this context; they are new organizations with a great amount of knowledge applied in their business, occurring in low-, medium- high-tech, and service sectors. KIE differs from non-KIE in the extent to which they use advanced levels of knowledge and innovation as a basis to compete in the market, representing a specific type of entrepreneurship. KIE also plays a consistent role in the sustainability achievement process once firms can support the development of new knowledge relevant to fulfilling socioenvironmental goals. This generates what this dissertation identifies as Knowledge-Intensive Sustainable Entrepreneurship (KISE), which follows KIE's basic assumptions and adds more layers. Socio-environmental issues are increasingly affecting the economic dimension of value creation, while knowledge-intensive activities can play a relevant role in addressing not only economic growth but also social and environmental concerns. Nevertheless, the theoretical background on the KISE Ecosystem still lacks some valuable acknowledgments. Therefore, this dissertation's main objective is to analyze the emergence of the Knowledge Intensive Sustainable Entrepreneurship concept through an ecosystem perspective. The research was developed through three articles. The first one analyzed the PIPE Program (Innovative Research in Small Business), funded by the São Paulo Research Foundation in Brazil (FAPESP), and indicated strong similarities in the ecosystem drivers of KIE and KISE. However, when disaggregating KISE into four domains (Cities, Health, Education, and Green Technologies), the ‘ecosystem readiness’ towards sustainable transitions varies from more mature (as in the case of HealthTechs with an inclusive orientation) to very incipient configurations (Cities and EdTechs). From a network patent and transfer agreements analysis and a qualitative case study at the University of Campinas (Unicamp, Brazil), the second article analyzed the process of sustainability institutionalization in an entrepreneurial university, considering the role of technology development and transfer. The primary outcomes suggest the need to integrate and coordinate strategies for sustainable processes through technology transfer. Sustainable patent technological development is primarily influenced by researchers and funded by public financing. Even with low levels of institutional engagement behind them, most licensing agreements come from sustainable patents. Finally, through an exploratory factor analysis, a Unicamp survey involving 485 students from business and hard sciences programs was applied in the third article. The results demonstrated a mismatch between the university context and sustainable entrepreneurial intentions. However, factors related to the university and student-university engagement highlighted positive significance. Students expressed heightened interest in flexible activities and maturing entrepreneurial intentions by interacting with complementary approaches (volunteering programs, community projects, student organizations, etc.). Overall, this dissertation argues that improving sustainable entrepreneurship with high levels of knowledge intensity requires bottom-up (i.e., cataloging what researchers, professors, staff, and students are already doing that effectively contributes to a positive change and boost them) and top-down (i.e., policy development, facilitating support mechanisms, partnerships, etc.) initiatives. Notably, all these endeavors will result in a sustainable culture that utilizes KISE's contributions to foster sustainable development – recognized as a vital asset for future generations Ver menos