Forças estranhas : uma colaboração psicanalítica ao efeito visual da ayahuasca
Rodolfo Henrique Olivieri
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP OL4f
[Strange forces]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (128 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Luís Fernando Farah de Tófoli
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Faculdade de Ciências Médicas
Resumo: O presente trabalho se propõe a contribuir com a reaproximação entre a psicanálise e o uso de substâncias psicodélicas, sobretudo a ayahuasca, uma decocção tradicionalmente consumida por diversos povos das Américas, e hoje por milhares de pessoas ao redor do mundo, em contextos rituais...
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Resumo: O presente trabalho se propõe a contribuir com a reaproximação entre a psicanálise e o uso de substâncias psicodélicas, sobretudo a ayahuasca, uma decocção tradicionalmente consumida por diversos povos das Américas, e hoje por milhares de pessoas ao redor do mundo, em contextos rituais tradicionais, religiosos e ecumênicos. A ayahuasca, também conhecida como Daime, Vegetal, yajé, nixi pae e hoasca, é produzida principalmente a partir do cipó Banisteriopsis caapi e da folha da Psychotria viridis. O começo da relação entre psicanálise e psicodélicos data do século passado, especialmente a partir da década de cinquenta, após a síntese da dietilamida do ácido lisérgico (LSD) por Albert Hofmann na Suíça, e posterior popularização da substância entre cientistas e médicos psiquiatras, muitos deles com profunda influência psicanalítica na Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina. Outras substâncias foram estudadas neste período, como a mescalina e a psilocibina, e posteriormente a ayahuasca. O indivíduo, ao consumir uma substância psicodélica, experimenta uma profunda mudança em seu corpo, em suas emoções, em seus sentidos e em sua subjetividade, mudanças essas que indicam cada vez mais um grande potencial terapêutico para transtornos psiquiátricos como a ansiedade, a depressão e o consumo abusivo de psicoativos. A experiência com a ayahuasca promove algo denominado pelas religiões ayahuasqueiras como mirações. Trata-se de uma rica vivência visual com cores e formas abundantes e fascinantes, assim como imagens que emergem como formações inconscientes semelhantes aos sonhos, com um roteiro livre e original que aparenta sofrer os mesmos processos de codificação dos sonhos: deslocamento e condensação. A ayahuasca pode trazer à tona material inconsciente e, com um crescente uso urbano desta e de outras substâncias psicodélicas, cresce a necessidade de integração e elaboração deste material. Os psicanalistas devem estar à altura de tal desafio. Assim como nos sonhos, proponho neste trabalho que tais mirações se apresentam, não apenas como imagens que dizem algo do sujeito inconsciente em sua relação com o desejo, mas também que possuem estrutura de linguagem, sendo relevante, após a experiência, a possibilidade de transformar tão intensa vivência em palavra. Em conclusão, a combinação da psicanálise com as vivências psicodélicas pode apresentar uma perspectiva única sobre o inconsciente na relação com a linguagem. Se no passado essas substâncias foram pensadas como modelo de compreensão da psicose, hoje podem servir como um poderoso aliado do psicanalista para abertura de novos temas em análise, novos insights e novas formas de discurso
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Abstract: The present work proposes to contribute to the rapprochement between psychoanalysis and the use of psychedelic substances, especially ayahuasca, a decoction traditionally consumed by different peoples of the Americas, and today by thousands of people around the world, in traditional ritual...
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Abstract: The present work proposes to contribute to the rapprochement between psychoanalysis and the use of psychedelic substances, especially ayahuasca, a decoction traditionally consumed by different peoples of the Americas, and today by thousands of people around the world, in traditional ritual contexts, religious and ecumenical. Ayahuasca, also known as Daime, Vegetal, yajé, nixi pae and hoasca, is produced mainly from the vine Banisteriopsis caapi and the leaf of Psychotria viridis. The beginning of the relationship between psychoanalysis and psychedelics dates from the last century, especially from the fifties, after the synthesis of LSD-25 by Albert Hofmann in Switzerland, and subsequent popularization of the substance among scientists and psychiatrists, many of them with a profound influence. psychoanalysis in Europe, the United States, Canada and Latin America. Other substances were studied during this period, such as mescaline and psilocybin, and later ayahuasca. The individual, when consuming a psychedelic substance, experiences a profound change in his body, in his emotions, in his senses and in his subjectivity, changes that increasingly indicate a great therapeutic potential for psychiatric disorders such as anxiety, depression and abuse of chemical substances. The experience with ayahuasca promotes something called by the ayahuasca religions as mirações. These are dreams that you know you are dreaming of, a rich visual experience with abundant and fascinating colors and shapes, as well as images that emerge as unconscious formations similar to dreams, with a free and original script that seems to undergo the same encoding processes as dreams.: displacement and condensation. Ayahuasca can bring out unconscious material, and with increasing urban use of this and other psychedelic substances, the need for integration and elaboration of this material grows, and psychoanalysts must rise to this challenge. As in dreams, I propose in this work that such mirações are presented not only as images that say something about the unconscious subject in his relationship with desire, but also that they have language structure, being relevant, after the experience, the possibility of transforming as intense experience in words. In conclusion, the combination of psychoanalysis with psychedelic experiences can present a unique perspective on the unconscious and the relationship with language. If in the past these substances were thought of as a model for understanding psychosis, today they can serve as a powerful ally for the psychoanalyst to open up new themes for analysis, new insights and new forms of discourse
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Aberto
Forças estranhas : uma colaboração psicanalítica ao efeito visual da ayahuasca
Rodolfo Henrique Olivieri
Forças estranhas : uma colaboração psicanalítica ao efeito visual da ayahuasca
Rodolfo Henrique Olivieri