Ìyábás da Amazônia negra : ebós, encruzilhadas e banzeiros do corpo feminino na obra de Menezes e Bonfim
Yama Talita Passos Monteiro
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP M764i
[Ìyábas of the black amazon]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (136 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Márcio Orlando Seligmnann-Silva
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Imaginando-nos em largos beiradões ao som de um bom brega, discorro a prosa encruzilhante dos banzeiros teórico-corporais da raça, gênero e identidade na Amazônia sob o olhar vigilante de Èxú e Curupira. Ao lado dEles, mata adentro, engerados em mateiros descaminhantes, tomamos o corpo de...
Ver mais
Resumo: Imaginando-nos em largos beiradões ao som de um bom brega, discorro a prosa encruzilhante dos banzeiros teórico-corporais da raça, gênero e identidade na Amazônia sob o olhar vigilante de Èxú e Curupira. Ao lado dEles, mata adentro, engerados em mateiros descaminhantes, tomamos o corpo de quem se movimenta embrenhante para tomar a teoricidade do que é pertencer a territorialidades identitárias periféricas até então descompreendidas. Recobramos os postulados ancestrais de Conrado, Campelo e Ribeiro (2015), Torres (2008), Sarmento-Pantoja (2017) e Carvalho (2001) para compreender como se constitui a poética do não-lugar amazônico a partir da noção de raça, corpo e gênero em meio às inscrições etnológicas e etnográficas presentes em Batuque, do poeta paraense Bruno de Menezes (2005) e as fotografias de Marcela Bonfim (2016) em seu projeto (Re)conhecendo a Amazônia negra. Atravessados também por Evaristo (2020), Akotirene (2019), Gonzalez (2018) e Miranda & Costa (2021), os movimentos de identidade que atracam no porto da negritude escrevivente da Amazônia também se fazem interseccionais a partir do momento que compreendemos que estes corpos-arquivo singram as identificações banzeiradas de pertencimentos indígenas, ribeirinhos e imigrantes que também vêm a constituir a kaboquice de Sena (2020). Ademais, evidencia-se que estas e outras discussões travadas neste estudo flutuam na vastidão inter/transdisciplinar disposta na literatura e na antropologia, o que referencia o uso da pedagogia das encruzilhadas presente em Rufino (2019) cruzado na linha de Fanon (2008), Hall (1992; 2003), Seligmann-Silva (2010; 2012; 2021) e Huyssen (2005) versando sobre as políticas da memória, do testemunho e da identidade cultural. Este entroncamento teórico mostra que a recuperação de atos culturais, vivências e dizeres a partir do corpo feminino escrito e registrado nas obras de Menezes e Bonfim se ergue resistente frente uma estética morenizante e embranquecida imposta a muitas vozes, territórios e olhares negros que cortam insistentes as pororocas do esquecimento. Logo, a expressão testemunhal de ambos os artistas ergue em mastros festeiros a importância da presença encruzilhada e sincrética do batuque afro-ameríndio da Amazônia como uma forma de resistência cultural, social e identitária. Memórias, dizeres e desdizeres inseridos nas expressões incorporadas aqui só evidenciam como é fundamental pôr em questionamento a reflexão interseccional do que é ser um/uma kaboclo/a preto/a dentro de uma Amazônia que se põe em muitas dentro de cada escreviver
Ver menos
Abstract: Imagining ourselves on wide riverbanks to the sound of good brega music, I discuss the intersecting discourse of theoretical-corporeal struggles of race, gender, and identity in the Amazon under the watchful gaze of Èxú and Curupira. With Them, deep in the forest, we take on the body of...
Ver mais
Abstract: Imagining ourselves on wide riverbanks to the sound of good brega music, I discuss the intersecting discourse of theoretical-corporeal struggles of race, gender, and identity in the Amazon under the watchful gaze of Èxú and Curupira. With Them, deep in the forest, we take on the body of those who move through it to understand the theorization of belonging to peripheral identity territories previously not comprehended. We recover the ancestral postulates of Conrado, Campelo, and Ribeiro (2015), Torres (2008), Sarmento-Pantoja (2017), and Carvalho (2001) to comprehend how the poetics of the Amazonian non-place are constituted through the notion of race, body, and gender amidst the ethnological and ethnographic inscriptions present in Batuque, a poem by the Pará poet Bruno de Menezes (2005) and the photographs of Marcela Bonfim (2016) in her project (Re)conhecendo a Amazônia negra. Intersecting with Evaristo (2020), Akotirene (2019), Gonzalez (2018), and Miranda & Costa (2021), the identity movements that dock in the port of the black writivism of the Amazon are also intersectional from the moment we understand that these archive-bodies sail through the identifications of indigenous, riparian, and immigrant belongings that also come to constitute the kaboquice of Sena (2020). Moreover, it is evident that these and other discussions in this study float in the vast inter/transdisciplinary field in literature and anthropology, referencing the use of the crossroads’ pedagogy present in Rufino (2019) intersecting with the line of Fanon (2008), Hall (1992; 2003), Seligmann-Silva (2010; 2012; 2021), and Huyssen (2005) on the politics of memory, testimony, and cultural identity. This theoretical entanglement shows that the recovery of cultural acts, experiences, and sayings from the female body written and recorded in the works of Menezes and Bonfim stands resilient against a morenizing and whitewashed aesthetic imposed on many black voices, territories, and gazes that cut insistently through the pororocas of forgetting. Therefore, the testimonial expression of both artists raises the importance of the syncretic and crossroads presence of the Afro-Amerindian batuque of the Amazon as a form of cultural, social, and identity resistance. Memories, sayings, and unsayings incorporated here only highlight how crucial it is to question the intersectional reflection of what it means to be a black kaboclo within an Amazon that positions itself in many ways within each writivism
Ver menos
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
Aberto
Seligmann-Silva, Márcio, 1964-
Orientador
Sarmento-Pantoja, Tânia Maria Pereira
Avaliador
Ìyábás da Amazônia negra : ebós, encruzilhadas e banzeiros do corpo feminino na obra de Menezes e Bonfim
Yama Talita Passos Monteiro
Ìyábás da Amazônia negra : ebós, encruzilhadas e banzeiros do corpo feminino na obra de Menezes e Bonfim
Yama Talita Passos Monteiro