Resumo: Historicamente, a extensão universitária no Brasil tem sido orientada para promover a ilustração da população e a transferência de conhecimento à sociedade. Recentemente, esse entendimento vem se modificando no intuito de fortalecer uma relação dialógica entre a universidade e o restante da sociedade no processo de produção do conhecimento, em consonância com a concepção de Paulo Freire acerca da extensão universitária. Em consideração ao pensamento freiriano e à legislação vigente, esta pesquisa discute o potencial transformador da Extensão Universitária no contexto brasileiro atual. A análise qualitativa das iniciativas extensionistas nos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, realizadas entre 2014 e 2020 incluiu, como método, um levantamento sistemático das experiências realizadas e a aplicação de entrevistas semiestruturadas com representantes de instituições públicas de ensino superior brasileiras e pessoas da sociedade ligadas a movimentos sociais que integraram ações de extensão de algumas experiências selecionadas. Com isso, foi possível constatar que as práticas estudadas se potencializam a partir da efetivação de políticas públicas de extensão universitária; do estabelecimento de relações dialógicas entre universitários e não universitários, visando legitimar o protagonismo e a emancipação destes últimos no processo de produção dos territórios; da prática territorializada da extensão, de modo perene no território e da promoção da atuação dos estudantes na realidade concreta, reforçando a dimensão cidadã da prática do profissional arquiteto urbanista e instrumentalizando sua atuação socialmente orientada. No entanto, alguns obstáculos foram identificados tais como: a subversão conceitual da atuação extensionista restritas à transferência de conhecimento e de cunho puramente assistencialista; a ainda diminuta adoção de políticas afirmativas e de permanência, bem como os baixos incentivos e reconhecimento da prática aos docentes e pesquisadores envolvidos; as proposições extensionistas alienadas e alienantes, que afastam cada vez mais a Universidade do território e a permanência efêmera, descontinuada e superficial nestes territórios Ver menos

Abstract: Historically, university extension in Brazil has been oriented to promote the enlightenment of the population and the knowledge transfer to society. Recently, this understanding has been changing in order to strengthen a dialogical relationship between the university and the rest of society in the process of knowledge production, in line with Paulo Freire's conception of university extension. In consideration of Freire's thinking and current legislation, this research discusses the transformative potential of University Extension in the current Brazilian context. The qualitative analysis of extensionist initiatives in undergraduate courses in Architecture and Urbanism, carried out between 2014 and 2020, included, as a method, a systematic survey of the experiences carried out and the application of semi-structured interviews with representatives of Brazilian public institutions of higher education and people of society linked to social movements that integrated extension actions of some selected experiences. With that, it was possible to verify that the studied practices are potentiated from the effectiveness of public policies of university extension; the establishment of dialogical relationships between university and non-university integrants, aiming to legitimize the protagonism and emancipation of the latter in the process of production of territories; of the territorialized practice of extension, in a perennial way in the territory and of the promotion of the students' performance in the concrete reality, reinforcing the citizen dimension of the practice of the professional urbanist architect and instrumentalizing their socially oriented performance. However, some obstacles were identified such as: the conceptual subversion of the extensionist action restricted to the knowledge transfer and of a purely welfare nature; the still small adoption of affirmative and permanence policies, as well as the low incentives and recognition of the practice for the professors and researchers involved; the alienated and alienating extensionist propositions, which increasingly distance the University from the territory and the ephemeral, discontinued and superficial permanence in these territories Ver menos