Produção e percepção da expressão do modo imperativo nas cidades de Feira de Santana-BA e Campinas-SP [recurso eletrônico]
Joana Gomes dos Santos Figuereido
TESE
Português
T/UNICAMP F469p
[Production and perception of the expression of the imperative mood in the cities of Feira de Santana-BA and Campinas-SP]
Campinas, SP : [s.n.], 2023.
1 recurso online (160 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Livia Oushiro
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Pesquisas anteriores sobre a variação linguística do modo imperativo (EVANGELISTA, 2010; OLIVEIRA, 2017b; SAMPAIO, 2001; SCHERRE; CARDOSO et al., 2007) apontam para o fato de que sua forma indicativa (pega) é predominante na fala de brasileiros das regiões Sudeste e Sul, enquanto o uso do...
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Resumo: Pesquisas anteriores sobre a variação linguística do modo imperativo (EVANGELISTA, 2010; OLIVEIRA, 2017b; SAMPAIO, 2001; SCHERRE; CARDOSO et al., 2007) apontam para o fato de que sua forma indicativa (pega) é predominante na fala de brasileiros das regiões Sudeste e Sul, enquanto o uso do imperativo na sua forma subjuntiva (pegue) ocorre mais comumente na região Nordeste, revelando que essa variável se diferencia de acordo com a região geográfica. Em princípio, tais pesquisas não revelam qualquer tipo de avaliação negativa quanto às formas de imperativo com morfologia indicativa, mas há indícios de que as formas com morfologia subjuntiva são associadas a noções de "rispidez" ou "grosseria". Nesse sentido, com o objetivo de contrastar a produção e a percepção sociolinguísticas das formas de imperativo em duas comunidades – uma da região Nordeste (Feira de Santana-BA) e outra da região Sudeste (Campinas-SP), a presente pesquisa desenvolve experimentos de produção e percepção com 72 participantes, estratificados quanto a seu sexo/gênero, faixa etária, nível de escolaridade e localidade. Para o primeiro experimento, foram elaboradas cenas que ilustram um diálogo entre dois interlocutores e possuem um balão de diálogo vazio, para o qual os participantes da pesquisa foram instados a produzir o que diriam naquela situação. Para o segundo, elaborou-se um experimento do tipo matched-guise (LAMBERT et al., 1960), em que os participantes ouviram estímulos que diferem apenas quanto à forma imperativa e preencheram um questionário a respeito de suas percepções sobre o falante. Os resultados de produção revelam que os campineiros usam predominantemente as formas imperativas com morfologia de indicativo (81%), diferentemente de Feira de Santana (47%). Em Campinas, nota-se uma mudança em progresso mais avançada na direção das formas indicativas, favorecidas pela situação comunicativa de pedido. Em Feira de Santana, ainda que a forma subjuntiva seja mais frequente, observa-se também mudança na direção da forma indicativa, liderada por falantes menos escolarizados, e favorecida pela situação comunicativa de pedido e por verbos menos salientes. Quanto à percepção, tanto os ouvintes feirenses quanto os campineiros não percebem diferenças entre as formas imperativas, já que não atribuem diferentes significados a depender da forma ouvida (com morfologia indicativa ou subjuntiva). Entretanto, observou-se interação entre Morfologia do Imperativo e Escolaridade do ouvinte nos julgamentos quanto à Formação do falante: os ouvintes feirenses menos escolarizados associam o uso do imperativo com morfologia indicativa a falantes com maior grau de formação, associação que não é feita pelos ouvintes feirenses mais escolarizados. Ademais, em seu discurso metalinguístico consciente, os participantes feirenses de primeira faixa etária avaliam as formas subjuntivas como mais impositivas, o que sugere um processo de mudança não só na produção mas também nas avaliações e percepções das formas imperativas em Feira de Santana. Assim, os padrões de variação nem sempre coincidem com as avaliações e significados atribuídos às variantes, o que significa dizer que os processos não são reflexos diretos um do outro, de modo que a relação entre usos, percepções e avaliações de variáveis não pode ser interpretada como inequívoca
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Abstract: Previous studies on the variable use of the imperative mood (EVANGELISTA, 2010; OLIVEIRA, 2017b; SAMPAIO, 2001; SCHERRE; CARDOSO et al., 2007) show that the indicative morphology (pega ‘catch’) is more frequent in the speech of Brazilians from the Southeast and Southern regions, while the...
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Abstract: Previous studies on the variable use of the imperative mood (EVANGELISTA, 2010; OLIVEIRA, 2017b; SAMPAIO, 2001; SCHERRE; CARDOSO et al., 2007) show that the indicative morphology (pega ‘catch’) is more frequent in the speech of Brazilians from the Southeast and Southern regions, while the use of the subjunctive morphology (pegue) occurs more frequently in the Northeast, which reveals that this variable differentiates geographical regions. In principle, these studies do not indicate any negative evaluation towards the indicative form, but there is anectodal evidence that the subjunctive morphology is associated with notions such as "harshness" and "rudeness." Thus this research aims at contrasting production and perceptions of the forms of expression of the imperative mood in two communities – one in the Northeast (Feira de Santana-BA) and another in the Southeast (Campinas-SP), by applying experiments of production and perception to 72 participants, balanced for their gender, age, educational level, and place of residence. To the former, we elaborated scenes depicting a dialogue between two speakers and with an empty speech bubble, to which participants were asked what they would say in such situation. To the latter, we elaborated a matched-guise experiment (LAMBERT et al., 1960), in which participants listened to audio stimuli which differ only in their imperative form and filled out a questionnaire about their perceptions on the speaker. The results of the production experiment show that speakers in Campinas employ the indicative morphology more frequently (81%) than in Feira de Santana (47%). In Campinas, there is a more advanced change in progress towards the indicative form, which is favored in the communitive situation of requests. In Feira de Santana, although the subjunctive form is more frequent, there is also a change towards the indicative form, led by less educated speakers, and favored in the communicative situation of request and with less salient verbs. Regarding perception, participants both in Feira and in Campinas do not generally perceive differences between the imperative forms, since they do not attribute different meanings depending on the form in the stimulus (indicative or subjunctive). However, we observed an interaction between the Imperative Morphology and participants’ educational level on their judgments of speakers’ educational background: less educated Feirenses associate the indicative morphology to speakers with a higher level of education, an association which is not made by more educated Feirenses. Further, in their overt discourse, younger Feirenses evaluate the subjunctive forms as more "imposing," which suggests a process of change not only in the production but also in their evaluations and perceptions of the imperative forms in Feira de Santana. Thus patterns of variation do not always coincide with patterns of evaluations and perceptions, which entail that each process does not directly reflect one another, and the relation among production, perception, and evaluation cannot be interpreted unequivocally
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Oushiro, Livia, 1980-
Orientador
Pagotto, Emilio Gozze, 1961-
Avaliador
Mendes, Ronald Beline, 1973-
Avaliador
Oliveira, Josane Moreira de
Avaliador
Scherre, Maria Marta Pereira, 1950-
Avaliador
Produção e percepção da expressão do modo imperativo nas cidades de Feira de Santana-BA e Campinas-SP [recurso eletrônico]
Joana Gomes dos Santos Figuereido
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