Resumo: Diversos são os fatores que podem impactar no consumo alimentar de idosos, incluindo os de ordem sociodemográfica, fisiológica e doenças crônicas não transmissíveis, como o declínio cognitivo. O baixo consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e o aumento do consumo de ultraprocessados afeta a ingestão de micronutrientes essenciais para a saúde cognitiva. Objetivo: Avaliar o consumo de alimentos de acordo com o seu nível de processamento em idosos e a associação com condições sociodemográficas, declínio cognitivo e ingestão de micronutrientes. Métodos: Estudo transversal, com amostra de 576 idosos (>60 anos) residentes nas cidades de Limeira, Piracicaba e Campinas. Foram coletados dados pessoais, sociodemográficos e de cognição. O consumo alimentar foi avaliado a partir de dados de recordatório de 24h. Os alimentos foram classificados de acordo com o nível de processamento em 4 grupos: In natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, processados e ultraprocessados, todos considerados como variáveis dependentes. Para as variáveis independentes foram selecionadas as condições socioeconômicas, declínio cognitivo e ingestão de micronutrientes de acordo com o modelo de regressão quantílica. As análises foram realizadas utilizando o software STATA 14®, com nível crítico de 5%. Resultados: O consumo energético médio dos idosos avaliados foi de 1.607 kcal/dia. A maior proporção do consumo de acordo com o nível de processamento foi do grupo dos alimentos in natura ou minimamente processados (61,2%), seguido dos alimentos ultraprocessados (16,2%), ingredientes culinários (12,9%) e por último dos alimentos processados (9,1%). As variáveis que foram associadas ao menor consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e ao maior consumo de ultraprocessados foram em idosos do sexo feminino e que tinham os maiores anos de estudo. Idosos com declínio cognitivo apresentaram os menores quartis de ingestão de todos os micronutrientes e foi inversamente relacionado a baixa ingestão de selênio. Conclusão: Os idosos apresentaram o maior consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, ser do sexo feminino e ter os maiores anos de estudo foram associadas as maiores ingestões de alimentos ultraprocessados. Idosos com declínio cognitivo apresentaram as menores ingestões de micronutrientes e foi inversamente relacionado a baixa ingestão de selênio. Esses achados podem ser utilizados para o planejamento de ações e de políticas públicas voltadas aos indivíduos idosos em relação ao consumo de alimentos associados a saúde, incluindo a saúde cognitiva Ver menos

Abstract: Several factors that can impact food consumption in older adults, including those of sociodemographic, physiological and chronic non-communicable diseases, such as cognitive decline. The low consumption of fresh or minimally processed foods and the increased consumption of ultra-processed foods affects the intake of micronutrients essential for cognitive health. Objective: Evaluate food consumption according to their level of processing and association with sociodemographic conditions and micronutrient intake in older adults with cognitive decline. Methods: This cross-sectional study included a sample of 576 older adults (>60 years) living in the cities of Limeira, Piracicaba and Campinas. Personal, sociodemographic and cognition data were collected. Food intake was evaluated from 24-hour recall data. The foods were classified according to the level of processing into 4 groups: In natura or minimally processed, culinary ingredients, processed and ultra-processed, all considered as dependent variables. Socioeconomic conditions, cognitive decline and micronutrient intake were selected for the independent variables according to the quantile regression model. The analyses were performed using STATA 14® software, with a critical level of 5%. Results: The average energy consumption of the older adults evaluated was 1,607 kcal/day. The highest proportion of consumption according to the level of processing was in the group of fresh or minimally processed foods (61.2%), followed by ultra-processed foods (16.2%), culinary ingredients (12.9%) and finally processed foods (9.1%). The variables that were associated with lower consumption of fresh or minimally processed foods and higher consumption of ultra-processed foods were in older adults females and who had the longest years of study. Older adults with cognitive decline had the lowest quartiles of intake of all micronutrients and was inversely related to low selenium intake. Conclusion: The older adults ad the highest consumption of fresh or minimally processed foods, being female and having the highest years of study were associated with the highest intake of ultra-processed foods. Older adults with cognitive decline had the lowest micronutrient intake and was inversely related to low selenium intake. These findings can be used to plan actions and public policies aimed at older people in relation to the consumption of foods associated with health, including cognitive health Ver menos