Resumo: A Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) tem raízes no evento de Arte de maior prestígio no Brasil, a Bienal de Arte de São Paulo, que abrigou a Exposição Internacional de Arquitetura (1951-1971). Contudo, a primeira edição da BIA ocorreu entre os anos mais difíceis da Ditadura Militar (1964-1985), durante o governo Médici (1969-1974). Sobretudo após 1968 e o decreto do AI-5, a violência contra os opositores e a ação ideológica praticadas pelo Estado alcançaram novos patamares, afetaram a produção cultural, os estudantes e reverberaram por todo o mundo. O boicote internacional à 10ª Bienal de Arte de São Paulo desencadeou o processo de reformulação do grande evento, que incluiu a extinção da EIA e a criação da BIA, em um convênio entre o Banco Nacional da Habitação, a Fundação Bienal e o Instituto de Arquitetos do Brasil. A crescente urbanização e as obras públicas de grande porte incentivaram a indústria, com ênfase no ramo da construção civil, e transformaram a profissão dos arquitetos. Com o propósito de reunir a produção contemporânea, próprio das Bienais, a 1ª BIA refletiu este período de incertezas e contradições, de grande volume de projetos e de intensa repressão. Simultaneamente, apresentou-se como uma oportunidade de reunião e foi capaz de resgatar uma parcela do diálogo silenciado pela Ditadura Militar. Desta forma, esta pesquisa, histórica, documental e de caráter exploratório, guiou-se pelo objetivo de traçar um panorama do contexto em que a 1ª BIA foi realizada, em 1973, trazendo à tona questões relacionadas à profissão, ao ensino, à política e à cultura e revelando que seu papel se estendeu para além da exposição Ver menos

Abstract: The São Paulo International Architecture Biennial (BIA) has its origins in the most prestigious art event in Brazil, the São Paulo Art Biennial, which presented the International Architecture Exhibition (EIA) (1951-1971). However, the BIA’s first edition occurred among the hardest years in the Brazilian Dictatorship (1964-1985), during the Médici administration (1969-1974). Above all, after 1968 and the decree of the Institutional Act no. 5, the violence against opponents and the ideological actions promoted by the State reached a new level, and affected the cultural field, the students, and reverberated throughout the globe. The international boycott of the 10th São Paulo Art Biennial triggered its general reformulation process, which included EIA’s extinction and BIA’s creation, in an agreement between the National Housing Bank (BNH), the Biennial Foundation of São Paulo, and the Brazil’s Institute of Architects. The growing urbanization and the extensive public infrastructure works favored the industry, with emphasis on the branch of civil construction. Therefore, the architects’ work relations were transformed. With the purpose of gathering contemporary production, as commonly used by the Biennials, the 1st BIA reflected this period of uncertainty and contradiction, and of a great volume of work and intense repression. Simultaneously, it presented itself as an opportunity for reunion and was able to rescue a fraction of the dialogs that were silenced by the Military Dictatorship. Thus, this historical, documental, and exploratory research aims at composing a panorama of the context when the 1st BIA occurred, in 1973, bringing to surface questions relating to the profession, education, politics, and economics, and revealing that its role extends beyond the exhibition Ver menos