Resumo: A prevalência da obesidade infantil no Brasil vem crescendo acentuadamente. O aleitamento materno pode ter efeito protetor contra a obesidade em geral e o comportamento alimentar pode ser um fator influenciador. Biomarcadores salivares como grelina e leptina têm sido utilizados como método diagnóstico para sobrepeso e obesidade. Portanto, este estudo observacional longitudinal teve como objetivo avaliar o comportamento alimentar através dos questionários Baby Eating Behavior (BEBQ) e Children Eating Behavior (CEBQ), a duração do aleitamento materno exclusivo e quantificar os biomarcadores salivares grelina e leptina durante os primeiros 3 anos de vida e possíveis influência no estado nutricional. Um total de 122 crianças de 5 meses a 17 meses foram inicialmente selecionadas e avaliadas por dois anos consecutivos. A amostra foi selecionada dentro das creches municipais de Piracicaba - SP. Na primeira fase do estudo, os dados foram obtidos por meio de anamnese. As medidas antropométricas foram avaliadas e os pais/responsáveis foram solicitados a preencher o BEBQ. Após um ano, na segunda fase do estudo, os dados antropométricos foram reavaliados. Na terceira fase, dois anos depois, os dados antropométricos foram novamente verificados e os pais/responsáveis foram solicitados a preencher o CEBQ. Além disso, amostras de saliva foram coletadas para avaliação dos biomarcadores salivares de apetite, grelina e leptina. Os resultados mostraram que a idade média da amostra na primeira fase foi de 12,60±2,59 meses. Sessenta por cento dos pais/responsáveis tinham bons níveis educacionais. Na primeira, segunda e terceira fases, 39,4%, 41% e 30% das crianças, respectivamente, apresentaram sobrepeso/obesidade. As crianças que foram amamentadas ? 6 meses permaneceram eutróficas ao longo do tempo. Em relação ao BEBQ, as crianças eutróficas apresentaram valores significativamente menores para a subescala lentidão na alimentação do que as crianças com sobrepeso/obesidade. Correlações negativas entre as subescalas do BEBQ mostraram que o aumento nos traços de aproximação alimentar diminuiu os traços de evitação. O aleitamento materno correlacionou-se positivamente com a responsividade alimentar e lentidão nas subescalas comer, enquanto o percentil e o estado nutricional correlacionaram-se negativamente com a lentidão na alimentação. As subescalas do CEBQ foram semelhantes entre os estados nutricionais. Correlações significativas ocorreram entre as subescalas BEBQ e CEBQ, mostrando que o apetite durante o período de aleitamento tende a se assemelhar às características do comportamento alimentar após dois anos. As crianças com sobrepeso/obesidade apresentaram valores de grelina significativamente mais baixos do que as crianças eutróficas. Para a leptina, não ocorreu diferença significativa entre os grupos. Os valores de grelina foram negativamente correlacionados com percentil e estado nutricional e os valores de leptina foram positivamente correlacionados com a duração do aleitamento materno. Percentil e estado nutricional na terceira fase e valores de grelina correlacionaram-se negativamente com a responsividade à saciedade (CEBQ), conforme esperado. O peso ao nascer e a leptina correlacionaram-se negativamente com a lentificação alimentar (CEBQ). Conclui-se que o estado nutricional mais frequente nas três fases foi eutrófico. As crianças que foram amamentadas ? 6 meses permaneceram eutróficas ao longo do tempo, sugerindo um efeito protetor do aleitamento materno. As subescalas dos questionários sobre comportamento alimentar não mostraram diferenças entre os grupos eutrófico e sobrepeso/obeso. Crianças com sobrepeso/obesidade apresentaram valores de grelina salivar significativamente menores do que crianças com peso normal, mostrando que quanto menores os valores de grelina, maior o percentil ou estado nutricional. Para a leptina, não houve diferença significativa entre os grupos. A frequência encontrada de sobrepeso e obesidade no âmbito geral do estudo sugere alimentação não saudável desde os primeiros anos de vida Ver menos

Abstract: The prevalence of childhood obesity in Brazil has been growing sharply. Breastfeeding may have a protective effect against obesity in general and eating behavior may be an influencing factor. Salivary biomarkers such as ghrelin and leptin have been used as a diagnostic method for overweight and obesity. Therefore, this longitudinal observational study aimed to assess eating behavior through the Baby Eating Behavior (BEBQ) and Children Eating Behavior (CEBQ) questionnaires, the duration of exclusive breastfeeding and quantify the salivary biomarkers ghrelin and leptin during the first 3 years of life and possible influence on nutritional status. A total of 122 children aged 5 months to 17 months were initially selected and evaluated for two consecutive years. The sample was selected within the municipal day care centers in Piracicaba - SP. In the first phase of the study, data were obtained through an anamnesis. Anthropometric measurements were evaluated and parents/guardians were asked to complete the BEBQ. After one year, in the second phase of the study, the anthropometric data were reassessed. In the third phase, two years later, the anthropometric data were verified again and the parents/guardians were asked to complete the CEBQ. In addition, saliva samples were collected to evaluate the salivary biomarkers of appetite, ghrelin and leptin. The results showed that the mean age of the sample in the first phase was 12.60±2.59 months. Sixty percent of the parents/guardians had good educational levels. In the first, second, and third phases, 39.4%, 41%, and 30% of the children, respectively, presented overweight/obesity. Children who were breastfed ? 6 months remained eutrophic over time. Regarding the BEBQ, the eutrophic children presented significant lower values for slowness in eating subscale than children with overweight/obesity. Negative correlations between BEBQ subscales showed that the increase in food approach traits decreased avoidance traits. Breastfeeding was positively correlated with food responsiveness and slowness in eating subscales, whereas percentile and nutritional status correlated negatively with slowness in eating subscale. CEBQ subscales were similar between nutritional status. Significant correlations occurred between BEBQ and CEBQ subscales, showing that appetite during milk feeding period tended to be like eating behavior traits after two years. Overweight/obese children had significantly lower ghrelin values than eutrophic children. For leptin, no significant difference between groups occurred. Ghrelin values were negatively correlated with percentile and nutritional status and leptin values were positively correlated with the breastfeeding duration. Percentile and nutritional status in the third phase and ghrelin values were negatively correlated with Satiety Responsiveness (CEBQ), as expected. Birth weight and leptin were negatively correlated with slowing in eating (CEBQ). It is concluded that the most frequent nutritional status in the three phases was eutrophic. Children who were breastfed ? 6 months remained eutrophic over time, suggesting a protective effect of breastfeeding. The subscales of the questionnaires on eating behavior did not show differences between the eutrophic and overweight/obese groups. Overweight/obese children had significantly lower salivary ghrelin values than normal weight children, showing that the lower the ghrelin values, the higher the percentile or nutritional status. For leptin, there was no significant difference between groups. The frequency found of overweight and obesity in the general scope of the study suggests unhealthy eating from the first years of life Ver menos