Resumo: O mieloma múltiplo (MM) é responsável por 10% a 15% dos novos casos e 20% das mortes de todos os cânceres hematológicos. Estudos sobre marcadores prog-nósticos padrões aplicados ao MM, juntamente de procedimentos inovadores, ain-da estão em andamento, incluindo diferentes marcadores prognósticos na estratifi-cação de risco da doença. Este estudo teve como objetivo investigar a importância prognóstica do índice de musculatura esquelética (SMI), do índice do tecido adipo-so subcutâneo (SFI), do índice de tecido do adiposo visceral (VFI), da área do teci-do adiposo intramuscular (IMAT) e das suas radiodensidades, em uma coorte de 91 pacientes com MM tratados com quimioterapia. A área e a radiodensidade da seção muscular e do tecido adiposo foram determinadas por tomografia computa-dorizada (CT) ou tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT) com 18F-fluorodeoxiglucose (18F-FDG) antes do início do tratamento. Os índices foram obti-dos pela divisão do valor da área pela altura ao quadrado de cada paciente. A so-brevida global (SG) e a sobrevida livre de eventos (SLE) foram avaliadas pelo mé-todo de Kaplan?Meier. Modelos de risco proporcional de Cox e regressão logística foram realizados para avaliar associações entre os índices e medidas da composi-ção corporal e sobrevidas. A sobrevida livre de eventos (SLE) e a sobrevida global (SG) foram inferiores nos pacientes com alta radiodensidade do tecido adiposo subcutâneo (SAT) (log-rank, p <0,0001 e p = 0,001, respectivamente). A radioden-sidade do SAT no tercil mais alto foi independentemente associada à alta mortali-dade (razão de risco [HR] 4,70, IC 95% 1,32-16,81, Ptrend = 0,0165) e eventos (HR 3,46, 95% CI (1,13-10,60), Ptrend = 0,0252) em pacientes com MM. O valor de absor-ção padrão (SUV) do tercil mais alto do tecido adiposo visceral (VAT) foi correlaci-onado à SLE significativamente pior (HR para o tercil mais alto vs o primeiro tercil 3,58; intervalo de confiança de 95% [IC], 1,22¿10,56; Ptrend = 0,043) e mortalidade (HR, 4,05; IC de 95%, 1,28-12,77; Ptrend = 0,028). Notavelmente, o grupo de pacien-tes com SUV do VAT maior apresentou menor área VAT, VFI e número de indiví-duos com obesidade visceral, bem como maior SAT/SUV (P <0,01). Além disso, encontramos correlação negativa entre o SUV médio do VAT com a leptina (R2 = 0,20, P = 0,003). Nenhuma correlação foi detectada entre o SUV médio do VAT e a resistina, TNF ou IL-6. É importante ressaltar que a maior radiodensidade SAT foi correlacionada ao aumento da captação do tecido adiposo de 18F-FDG e dos níveis de citocinas pró-inflamatórias, (TNF e IL-6) e foi associada a níveis diminuídos de leptina. Além disso, o tercil de radiodensidade muscular mais alto foi associado a maior SG (HR, 0,24; IC 95%: 0,08-0,72, Ptrend = 0,0334). Concluímos que, tanto o alto SUV no VAT, quanto a medição da radiodensidade do SAT e do músculo es-quelético (SM), podem servir como biomarcadores para identificar pacientes com MM de alto risco, além de serem sinalizadores precoces da inflamação induzida por caquexia por câncer entre pacientes com MM Ver menos

Abstract: Standard prognostic markers based on host characteristics in patients with multiple myeloma (MM) remain scarce. Body composition features have often been associ-ated with survival outcomes in different cancers. This study aimed to investigate the prognostic importance of the skeletal muscle index (SMI), the subcutaneous adi-pose tissue index (SFI), the visceral adipose tissue index (VFI), the area of the in-tramuscular adipose tissue (IMAT) and their radiodensities, in a cohort of 91 MM patients treated with chemotherapy. Computed tomography (CT) or 18F-fluorodeoxyglucose (18F-FDG) positron emission tomography (PET/CT) at the L3 level was performed to assess body composition features and adipose tissue 18F-FDG uptake. The indices were taken by dividing the value of the area by the square height of each patient. Pro-inflammatory cytokine and adipokine levels were meas-ured. Event-free survival (EFS) and overall survival (OS) were inferior among pa-tients with high subcutaneous adipose tissue (SAT) radiodensity. SAT radiodensity in the highest tercile was independently associated with both increased mortality (HR, 4.70; 95% CI, 1.32¿16.81, Ptrend=0.0165) and events (HR, 3.46; 95% CI, 1.13¿10.60, Ptrend=0.0252) among MM patients. VAT/SUV in the highest tercile were cor-related with significantly worse multiple myeloma-EFS (hazard ratio [HR] for the highest tertile vs the first tertile 3.58; 95% confidence interval [CI], 1.22¿10.56; Ptrend=0.043) and mortality (HR, 4.05; 95% CI, 1.28¿12.77; Ptrend=0.028). Notably, the group of patients with higher visceral adipose tissue (VAT)/standard uptake value (SUV) presented lower VAT area, VFI, and number of individuals with visceral obe-sity as well as a higher SAT/SUV (P<0.01). Additionally, we found a negative corre-lation between VAT mean SUV with leptin (R2=0.20, P=0.003) no correlations were detected between VAT mean SUV and resistin, TNF or IL-6. Importantly, higher SAT radiodensity was correlated with increased 18F-FDG adipose tissue uptake and pro-inflammatory cytokine (TNF and IL-6) levels and was associated with decreased leptin levels. Moreover, the highest muscle radiodensity tercile was associated with improved OS (HR, 0.24; 95% CI: 0.08¿0.72, Ptrend=0.0334). Both a high SUV in the VAT, as well as measuring the radiodensity of the SAT and skeletal muscle (MS) can serve as biomarkers to identify patients with high-risk MM, in addition to being early signs of inflammation induced by cancer cachexia among patients with MM Ver menos