Orientador: Edwiges Maria Morato

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem

Resumo: O objetivo desta tese de doutorado é identificar e discutir a construção textual e sociocognitiva do racismo e do antirracismo em artigos de opinião sobre a hashtag #SomosTodosMacacos, por meio da análise de formas intertextuais e de mobilizações do frame Racismo realizadas por expressões...

Resumo: O objetivo desta tese de doutorado é identificar e discutir a construção textual e sociocognitiva do racismo e do antirracismo em artigos de opinião sobre a hashtag #SomosTodosMacacos, por meio da análise de formas intertextuais e de mobilizações do frame Racismo realizadas por expressões referenciais e por predicações verbais. A publicação da hashtag #SomosTodosMacacos foi realizada pelo jogador brasileiro de futebol Neymar Junior, em abril de 2014, em reação a um ato racista sofrido pelo lateral Daniel Alves durante uma partida na Espanha. Do ponto de vista teórico, esta tese se insere na abordagem sociocognitivo-interacional da Linguística Textual, que entende o texto como evento comunicativo para o qual convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais (BEAUGRANDE, 1997; MARCUSCHI, 2008; KOCH, 2004). Discutimos aqui estudos internacionais do campo textual/discursivo do racismo e do antirracismo (VAN DIJK, 2009; 2015; 2015b; WHITEHEAD, 2018; DICK & WIRTZ, 2011; entre outros), bem como estudos sócio-históricos sobre o tema (MUNANGA, 1999; 2003; BETHENCOURT, 2018 [2016], além de outros trabalhos). Para discutir aspectos textuais e contextuais relacionados à análise dos artigos de opinião e à criação e publicação da hashtag #SomosTodosMacacos por determinados atores sociais, consideramos também determinadas teorizações linguístico-antropológicas de Hanks (2008) e da Sociologia da Prática de Bourdieu (1989; 1996 [1994]; 1997 [1996]) sobre os atores, os campos e as lutas em torno de representações de objetos sociais. O corpus analisado é composto por 10 artigos de opinião publicados em jornais, revistas e portais de notícia de relevância nacional motivados contextualmente pela publicação da hashtag #SomosTodosMacacos. O pressuposto geral da presente tese é o de que os artigos de opinião intertextualmente relacionados à hashtag constroem tendencialmente determinadas representações textuais e sociocognitivas do racismo. Para compreender como se dá essa construção, adotamos como categoria sociocognitiva de análise a noção de frame a partir de uma perspectiva dinâmica e discursiva (CROFT & CRUSE, 2004; MIRANDA & BERNARDO, 2013; MORATO & BENTES, 2013; MORATO et al., 2017). Como categorias textuais de análise, adotamos especialmente as formas intertextuais, as expressões referenciais e as predicações verbais. Os resultados indicam, na mobilização do frame Racismo e na construção intertextual da hashtag #SomosTodosMacacos, a tendência de focalização da construção referencial do racismo como processo ou objeto social e das suas vítimas como grupo racialmente oprimido. Argumentamos que essa forma produtiva de construção textual e sociocognitiva do racismo consiste em uma prática antirracista diferencialista que pressupõe a necessidade de salientar textualmente a materialidade social do racismo, da opressão e do sofrimento de determinados grupos raciais na reação a eventos racistas como o ato sofrido pelo jogador Daniel Alves e na reação a ações (anti)racistas, como a hashtag #SomosTodosMacacos

Abstract: The aim of this doctoral thesis is identifying and discussing the textual and sociocognitive construction of racism and anti-racism in opinion articles on the #SomosTodosMacacos hashtag by means of the analysis of intertextual forms and mobilizations of Racism frame carried out by...

Abstract: The aim of this doctoral thesis is identifying and discussing the textual and sociocognitive construction of racism and anti-racism in opinion articles on the #SomosTodosMacacos hashtag by means of the analysis of intertextual forms and mobilizations of Racism frame carried out by referential expressions and by verbal predications. The #SomosTodosMacacos hashtag has been published by the Brazilian soccer player Neymar Junior in April 27, 2014, as a reaction to a racist act suffered by his teammate Daniel Alves during a match in Spain. From the theoretical point of view, this study is part of the interactional-sociocognitive approach of Text Linguistics, which understands text as a communicative event, to which linguistic, cognitive, and social actions converge (BEAUGRANDE, 1997; MARCUSCHI, 2008; KOCH, 2004). In this thesis we also discuss international text/discourse studies about racism and anti-racism (VAN DIJK, 2009; 2015; 2015b; WHITEHEAD, 2018; DICK & WIRTZ, 2011; among others) as well as socio-historical studies about the theme (MUNANGA, 1999; 2003; BETHENCOURT, 2018 [2016], among others). In order to discuss text and context aspects related to the corpus and to the creation and publication of the #SomosTodosMacacos hashtag by certain social actors, we also consider some linguistic-anthropological theorizations by Hanks (2008) and by Bourdieu's Sociology of Practice (1989; 1996 [1994]; 1997 [1996]) on social actors, fields, and fights on the representation of social objects. The corpus analyzed here is composed of 10 opinion articles published in newspapers, magazines, and webportals of national relevance contextually motivated by the publication of the #SomosTodosMacacos hashtag. The general pressuposition of this thesis is that the opinion articles intertextually related to the hashtag tendentially construct certain textual and sociocognitive representations of racism. In order to understand how that construction works, we adopt the notion of frame as a sociocognitive category of analysis from a dynamic and discursive perspective (CROFT & CRUSE, 2004; MIRANDA & BERNARDO, 2013; MORATO & BENTES, 2013; MORATO et al., 2017). As text categories of analysis, we especially adopt the intertextual forms, the referential expressions and the verbal predications. Results indicate in the mobilization of the Racism frame and in the intertextual construction of the #SomosTodosMacacos hashtag, the tendency to focus on the referential construction of racism as a social process and on their victims as racially oppressed groups. We argue that this productive form of textual and sociocognitive construction of racism consists of a differentialist anti-racist practice that assumes the need to textually emphasize the social materiality of racism, oppression, and suffering of certain racial groups in reaction to racist events such as the one suffered by the soccer player Daniel Alves and to (anti) racist actions like the #SomosTodosMacacos hashtag

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