Resumo: Introdução: o câncer de colo do útero é problema de saúde pública, sendo considerada a quarta causa de morte por câncer em mulheres. O tipo histológico adenocarcinoma ocorre em cerca de 20% dos casos, apresenta maior dificuldade no rastreamento e é encontrado em estádios mais avançados, em mulheres mais jovens, com aumento dos casos nos últimos anos. O tratamento de casos avançados é a quimiorradiação, semelhante ao do carcinoma do tipo epidermóide, porém, considerando as particularidades do adenocarcinoma, pode ser realizada a histerectomia pós-radioterapia. Existe pouca informação a respeito. O CAISM realiza histerectomia pós-radioterapia desde 1986 para casos selecionados e não há avaliação dos resultados deste procedimento na instituição. Objetivos: avaliar a taxa de histerectomia pós-radioterapia em pacientes com adenocarcinoma do colo do útero atendidas no CAISM, Unicamp, os resultados alcançados no controle da doença e as complicações relacionados ao tratamento comparadas às pacientes submetidas a radioterapia exclusiva. Métodos: Foram revisados prontuários médicos entre 1988 e 2016 e selecionados 39 casos de AC em estádio IB até IIIB, que realizaram uma histerectomia de consolidação após radioterapia com resposta clínica completa. A partir das pacientes tratadas somente com radioterapia, foram selecionadas 41 com resposta clínica completa para comparação. Resultados: Foi observado que aproximadamente 54% das histerectomias após a radioterapia, foram realizadas no período até 1998 e vem sendo cada vez menos realizada. A dose total de radiação foi maior no grupo da radioterapia primária, porém não houve diferença na duração do tratamento em dias nos dois grupos. A histerectomia de consolidação foi realizada em um intervalo médio de 54 dias após o término da radioterapia e com duração média de 159 minutos. A complicação mais frequente foi transfusão sanguínea. A presença de doença residual na peça da histerectomia foi associada com maior taxa de recidiva local e a distância. Não houve diferença na sobrevida global entre os grupos (p=0,579), nem no intervalo livre de doença (p=0,963). Foi observado que o intervalo livre de doença nas pacientes com doença residual foi inferior, no entanto sem significância estatística. (p=0,072). Conclusões: as histerectomias de consolidação pós-radioterapia estão sendo menos realizadas em mulheres com AC de colo de útero Não houve diferenças nas taxas de recidivas, no intervalo livre de doença e na sobrevida global entre os grupos estudados, embora a detecção de doença residual nas peças de histerectomia se associou com maior ocorrência de recidivas. Os achados não apoiam a realização rotineira de histerectomia de consolidação em mulheres com AC de colo de útero previamente irradiadas Ver menos

Abstract: Introduction: Cervical cancer is a public health problem and is considered the fourth leading cause of cancer death in women. The histological type adenocarcinoma occurs in about 20% of the cases, presents greater difficulty in screening and is found in more advanced stages, in younger women, with increased cases in recent years. The treatment of advanced cases is chemoradiation similar to that of squamous cell carcinoma, but considering the particularities of adenocarcinoma, hysterectomy can be performed after radiotherapy. There is little information about it. The CAISM has performed hysterectomy post-radiotherapy since 1986 for selected cases and there is no evaluation of the results of this procedure in the institution. Objectives: To evaluate the rate of post-radiotherapy hysterectomy in patients with cervical adenocarcinoma treated at CAISM, Unicamp, the results achieved in disease control and treatment-related complications compared to patients undergoing exclusive radiotherapy. Methods: Medical records were reviewed between 1988 and 2016 and selected 39 cases of AC in stage IB to IIIB, which performed a consolidation hysterectomy after radiotherapy with complete clinical response. From the patients treated with radiotherapy alone, 41 were selected with complete clinical response for comparison. Results: It was observed that approximately 54% of hysterectomies after radiotherapy were performed in the period up to 1998 and have been less and less performed. The total radiation dose was higher in the primary radiotherapy group, but there was no difference in treatment duration in days in both groups. The consolidation hysterectomy was performed at a mean interval of 54 days after the end of radiotherapy and with an average duration of 159 minutes. The most frequent complication was blood transfusion. The presence of residual disease in the hysterectomy part was associated with a higher rate of local recurrence and distance. There was no difference in overall survival between the groups (p = 0.579) or in the disease free interval (p = 0.963). It was observed that the disease free interval in patients with residual disease was lower, however without statistical significance. (p = 0.072). Conclusion: Post-radiotherapy consolidation hysterectomies are being performed less frequently in women with cervix CA. There were no differences in recurrence rates, disease-free interval, and overall survival among the groups studied, although the detection of residual disease in the hysterectomy was associated with a higher occurrence of relapses. The findings don¿t support the routine of consolidation hysterectomy in women with previously irradiated Ver menos