Orientador: Leda Maria Caira Gitahy

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências

Resumo: Esta tese tem como objetivo estudar a produção e mobilização dos conhecimentos decorrentes de conflitos socioambientais. A pesquisa baseia-se na concepção de conflito como um espaço de contradição criativa que, no caso de conflitos socioambientais, torna-se forças que promovem a mudança...

Resumo: Esta tese tem como objetivo estudar a produção e mobilização dos conhecimentos decorrentes de conflitos socioambientais. A pesquisa baseia-se na concepção de conflito como um espaço de contradição criativa que, no caso de conflitos socioambientais, torna-se forças que promovem a mudança social. Supõe-se que o conflito socioambiental configura um espaço de relações em que diferentes especialistas e atores se combinam para produzir, disseminar e exigir conhecimento, os quais, juntamente com outros elementos simbólicos, materiais e estratégicos, constituem narrativas. Proponho que as narrativas e sua produção/mobilização de conhecimento associado não apenas entram em disputa no espaço de conflito, mas também coproduz os territórios e as políticas públicas ambientais. Para essa análise, conduzo um estudo de caso na Colômbia relacionado ao conflito sobre mineração de ouro em grande escala e à defesa da água no páramo de Santurbán. Este páramo está localizado no noroeste do país e, de acordo com movimentos sociais e instituições ambientais, é um ecossistema importante para a produção, retenção e distribuição de água, de cujas fontes de água são abastecidas mais de 2 milhões de pessoas. Para alguns de seus habitantes e para o setor de mineração nacional, é uma área de interesse que abriga grandes reservas de ouro e prata. Como estratégia metodológica, reconstruo três narrativas que delineiam o espaço do conflito: Água Sim, Ouro não; Mineração Responsável; e Água Sim, Ouro Sim. O estudo das narrativas e seu processo de construção tem sido usado principalmente no campo da comunicação social para entender como os atores respondem às perguntas sobre quem, o que, onde, quando e por que um conflito A construção de uma narrativa implica uma visão do conflito, uma posição em relação aos atores e uma demanda por conhecimento e ações pra eles. A partir das três narrativas mencionadas, analiso as práticas de produção e mobilização de conhecimento que os atores colocam em jogo no meio do conflito. Dessa forma, mostro que a produção de conhecimento inclui não apenas conhecimentos científicos, mas também a contribuição de práticas cognitivas nascidas de movimentos sociais e das comunidades que habitam os territórios. O espaço de conflito permite que os atores, especialmente os mais vulneráveis, reflitam sobre sua situação, discutam, se comuniquem e busquem estratégias, entre outros. Como resultado, eles explicitam o conhecimento, o mobilizam e estabelecem novas conexões, formando, em aliança com outros atores, narrativas. Esse processo, ao gerar conhecimento, permite que diferentes atores desenvolvam e aprimorem expertises (científicos, jurídicos, ativistas e costumeiros) que contribuem para a mudança social. Dessa forma, o espaço do conflito socioambiental não só permite a produção e mobilização de diferentes conhecimentos, mas também a configuração de novos atores e o empoderamento das populações na disputa política sobre a natureza, seus significados, seus usos e as relações que A sociedade estabelece com ela

Abstract: This thesis aims to study the production and mobilization of knowledge that arises from socio-environmental conflicts. The research based on a conception of conflict as a space of creative contradiction that, in the case of socio-environmental conflicts, becomes energizing forces of social...

Abstract: This thesis aims to study the production and mobilization of knowledge that arises from socio-environmental conflicts. The research based on a conception of conflict as a space of creative contradiction that, in the case of socio-environmental conflicts, becomes energizing forces of social change. The hypothesis is that the socio-environmental conflict configures a space of relationships where different experts and actors combine to produce, disseminate and demand knowledge, which, together with other symbolic, material and strategic elements constitute narratives. I propose that the narratives and their production/mobilization of associated knowledge not only enter into a dispute in the conflict space but also co-produce the territories and environmental public policies. For this analysis, I conduct a case study in Colombia related to the conflict over large-scale gold mining and the defense of water in the Santurbán moorland. This moorland is located in the northwest of the country and, according to social movements and environmental institutions; it is an important ecosystem for the production, retention, and distribution of water, from whose supplied water sources more than 2 million people. It is an area of interest with large reserves of gold and silver for some of its inhabitants and the national mining sector. As a methodological strategy, I reconstruct three narratives that delineated the space of the conflict: Water Yes, Gold no; Responsible Mining, and Water Yes, Gold Yes. The study of narratives and their construction process have been used mostly in the field of social communication to understand how actors respond to questions of who, what, where, when and why a conflict The construction of a narrative implies a vision of the conflict, a position regarding the actors and a demand for knowledge and actions for them. From the three narratives mentioned, I analyze the practices of production and mobilization of knowledge that the actors put into play in the middle of the conflict. In this way, I show that the production of knowledge includes not only scientific expertise but also the contribution of cognitive practices that are born from social movements and the communities that inhabit the territories. The space of conflict enables actors, especially the most vulnerable, to reflect on their situation, discuss, communicate and seek strategies, among others. As a result, they explain knowledge, mobilize it and establish new connections, forming, in alliance with other actors, narratives. This process, while generating knowledge, allows different actors to develop and enhance expertise (scientific, legal, activist and customary) that contribute to social change. In this way, the space of the socio-environmental conflict, not only allows the production and mobilization of different knowledge, but also the configuration of new actors and the empowerment of populations in the political dispute over nature, their meanings, their uses and the relationships that Society establishes with nature and the environment

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