Resumo: Este estudo examina as relações de campo e a petrografia de ortognaisses e migmatitos atribuídos ao Complexo Xingu na porção nordeste do Domínio do Carajás. Adicionalmente, dados geoquímicos e geocronológicos são apresentados visando uma melhor compreensão da natureza e significado do evento de anatexia durante a evolução mesoarqueana do Domínio Carajás. Dentre os litotipos estudados, o Ortognaisse bandado Xingu corresponde à rocha de mais alto grau metamórfico e com menor conteúdo de leucossoma. A paragênese das bandas anfibolíticas do Ortognaisse Xingu (diopsídio-hornblenda-labradorita) sugere metamorfismo em condições de facies de anfibolito superior. Os migmatitos do Complexo do Xingu estão bem expostos em duas localidades, correspondentes às pedreiras Britalider e Britamil. Esses migmatitos são espacialmente e temporalmente relacionados entre si, embora individualmente formem um amplo espectro entre metatexitos e diatexitos, cujas partes constituintes variam de acordo com a rocha fonte e taxas de fusão. Os tipos de rochas dominantes na pedreira Britalider são anfibolitos e metatonalitos a trondhjemitos estruturados como: i) patch metatexito; ii) metatexito estromático; iii) schollen diatexito e iv) schlieren diatexito. Já na pedreira Britamil, os litotipos predominantes são gnaisses de composição tonalítica, metagranodioritos e anfibolitos estruturados como: i) metatexito estromático e ii) diatexito nebulítico a schlieren diatexitos. Em comparação com a pedreira Britalider, o Migmatito Xingu na pedreira Britamil revela taxas de fusão mais baixas, uma vez que o paleossoma anfibolítico não apresenta evidências de fusão e o acúmulo de leucosoma como diatexitos é menos expressivo. Na pedreira Britamil, o Hercynita- Cordierita Gnaisse registra um evento metamórfico de alta temperatura, possivelmente em condições de fácies granulito, em ca 2,88 Ga. A diversidade petrológica encontrada nesses migmatitos exemplifica como a presença de água e taxas de deformação são tão determinantes quanto a composição do protólito e a temperatura durante a fusão das rochas de alto grau. As relações de campo e a petrografia sugerem que o Ortognaisse bandado Xingu provavelmente representa a rocha parental do Migmatito Xingu na pedreira Britalider. O Migmatito Xingu na pedreira de Britamil, preserva o gnaisse tonalítico como mesosoma, sugerindo que seu protolito mais próximo corresponderia a um típico gnaisse cinza arqueano. O Gnaisse tonalítico (mesosoma) da pedreira Britamil apresenta severo empobrecimento de HREE, alta razão La/Yb e baixo Y, afinidade semelhante à série TTG. Ênfase é dada à petrografia de detalhe, que em conjunto com a geoquimica de rocha total e geocronologia U-Pb em zircão fornecem evidências de que as rochas do embasamento mesoarqueano de Carajás sofreram fusão parcial em ca. 2,86 Ga Ver menos

Abstract: This work examines field relationship and petrography of migmatites at the northeastern part of the Carajás Domain, Amazon Craton, and presents new geochemical and geochronological data in order to contribute to understanding the nature and significance of anatexis during the mesoarchean evolution of Carajás Domain. Regionally, in the northeastern Carajás area, the Xingu banded Orthogneiss corresponds to the highest metamorphic-grade rock with minimum leucosome content among the studied litotypes. The mafic layers are clinopyroxene-bearing amphibolite with calcium-rich plagioclase in paragenesis, suggesting at least upper amphibolite facies metamorphism. The migmatites of the Xingu Complex are well exposed in two localities, the Britalider and the Britamil quarries. These migmatites are spatial and temporally related though individually form a complex relationship spectrum from metatexites to diatexites, in which the constituent parts varies according to the source-rock and melting rates. The dominant rock types at the Britalider Quarry are amphibolite and metatonalite to trondhjemite structured as i) patch metatexite; ii) stromatic metatexite; iii) schollen diatexite and iv) schlieren diatexite. The predominant rock types at Britamil quarry are a light-gray tonalite gneiss, a metagranodiorite, and an amphibolite, which are structured as i) stromatic metatexite and ii) nebulitic to schlieren diatexite migmatites. In comparison to the Britalider Quarry, the Britamil migmatite reveals lower melting rates, as amphibolite paleosome remained unmelted during anatexis and melt accumulation as diatexites are less expressive. In the Britamil quarry, a high-temperature event at ca 2.88 Ga is registered in zircon grains of a Hercynite-Cordierite¿bearing gneiss, which might represent a retrogressed granulite. The petrological diversity produced in these migmatites occurrences provide examples of how the water content and strain rates are as determinant as the protolith composition and temperature in melting of high-grade rocks. Field relationships and detailed petrography strongly suggest that the Xingu banded Orthogneiss most likely represent a parental gneiss of the Xingu migmatites at Britalider Quarry. The comparison of geochemical igneous fingerprints of the mafic layers of the Xingu banded Orthogneiss and the Britalider quarry amphibolite mesosome is not conclusive, though suggests a petrogenetic link between these units. The Xingu migmatites at Britamil quarry preserve the tonalite gneiss mesosome, suggesting that the metatexite closest protolith was a composite gray gneiss. The Tonalite gneiss mesosome presents severe HREE depletion, high La/Yb ratio and low Y, which indicate a TTG series affinity for its igneous protolith. Emphasis was given to detailed petrography and microstructural analysis, which in addition to whole rock geochemistry and U-Pb zircon geochronology data provide evidence that the Carajás mesoarchean basement rocks underwent partial melting at ca 2.86 Ga Ver menos