Permanências do maravilhoso oceânico medieval [recurso eletrônico] : ilhas, monstros e outros "detalhes" na cartografia do século XVI
Antonio Carlos Vitte
TESE
Português
T/UNICAMP F114p
[Continuities of the wondrous medieval ocean]
Campinas, SP : [s.n.], 2023.
1 recurso online (589 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Antonio Carlos Vitte
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
Resumo: Este trabalho tem como objetivo o estudo do período de transição entre a Idade Média e o Re-nascimento; entre modos de pensar mais alinhados ao maravilhoso geográfico medieval e a va-lorização da empiria e da experiência direta. Entendendo que essa transição não se configurou como uma...
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Resumo: Este trabalho tem como objetivo o estudo do período de transição entre a Idade Média e o Re-nascimento; entre modos de pensar mais alinhados ao maravilhoso geográfico medieval e a va-lorização da empiria e da experiência direta. Entendendo que essa transição não se configurou como uma ruptura abrupta em termos de História da Cartografia, focamos "detalhes" que per-meiam o papel dos monstros marinhos à medida que o ecúmeno se alargava e o Oceano passava por redimensionamento. Para isso, também estudamos as ilhas e lugares lendários na Idade Mé-dia e sua influência na cartografia renascentista, no sentido do papel específico das imagens cartográficas na propulsão do imaginário maravilhoso relativo aos lugares lendários, reforçando seu caráter de realidade geográfica. Consideramos o Paraíso Terreal e o Reino do Preste João como representantes de imaginações espaciais influentes que adquiriam realidade a partir da visualização dos mapas-múndi. Discutiu-se o papel da imago mundi cristã no período como mo-tivo de permanências do maravilhoso geográfico e monstruoso nas bordas moventes e impreci-sas do ecúmeno, com base no apego aos escritos de autoridade e às cadeias de transmissão tera-tológicas. Desse modo, entendemos que o maravilhoso, projetado fora do familiar, se deslocava ao remoto conforme os conhecimentos geográficos se aprofundavam. Em acréscimo, verifica-se o impacto das novas maneiras de mapear, em consolidação no século XV, como as cartas portu-lanas regionais – de uso prático para a navegação – e o sistema de gratículas ptolomaico para a confecção de mapas-múndi. Essas técnicas cartográficas de fins do Medievo, intercruzadas com visões mítico-religiosas, se articularam de forma complexa na cartografia quinhentista quando esta passou a englobar o Novo Mundo, com mudanças nas concepções sobre a Terra articuladas de forma concomitante ao apreço pelos pensadores da Antiguidade. Havia dificuldades e con-tradições em ajustar as novidades do ecúmeno à antiga moldura. Tanto as obras medievais quan-to os textos da Antiguidade participaram de explicações sobre o mundo que envolviam os ditos de autoridade, calcados na tradição e não no saber prático. Dessa maneira, procuramos discutir historiograficamente o complexo jogo de permanências e mutações entre o peso da tradição literária e descritiva e a influência da abstração astronômica e geométrica em relação aos co-nhecimentos geográfico e cosmológico
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Abstract: This research endeavors to explore the transitional epoch bridging the Middle Ages and the Renaissance, navigating the shift from medieval thought patterns, steeped in enchanting geographical notions, to the embrace of empiricism and direct encounters. Acknowledging that this transition...
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Abstract: This research endeavors to explore the transitional epoch bridging the Middle Ages and the Renaissance, navigating the shift from medieval thought patterns, steeped in enchanting geographical notions, to the embrace of empiricism and direct encounters. Acknowledging that this transition did not unfold abruptly within the annals of History of Cartography, our attention converges on the intricate "particulars" permeating the role of sea monsters as the known world expanded and the vast Ocean underwent redefinition. In pursuit of this endeavor, we delve into the islands and legendary places of the Middle Ages, and their indelible imprint on Renaissance cartography. We scrutinize the specific function of cartographic depictions in catalyzing the wondrous fables associated with these legendary places, reinforcing their status as tangible geographic realities. Notably, we scrutinize Earthly Paradise and the Kingdom of Prester John as emblematic embodiments of influential spatial imaginations that materialized through the visualization of world maps. Furthermore, we scrutinize the enduring influence of the Christian imago mundi during this era, serving as a tether to the marvels of geography and monstrosities lingering along the shifting and imprecise fringes of the known world. We examine this phenomenon through the prism of authoritative texts and chains of teratological transmission. This exploration underscores that the wondrous, once projected beyond the familiar, gravitated toward the distant as the depth of geographic knowledge deepened. Concurrently, we contemplate the impact of emerging cartographic techniques in the late Middle Ages, such as regional portulan charts tailored for practical navigation and the Ptolemaic graticule system for crafting world maps. These cartographic methodologies, entwined with mythical and religious visions, intricately intertwined in the sixteenth-century cartography as it expanded to encompass the New World. This expansion led to a reconfiguration of conceptions about the Earth, juxtaposed with a renewed appreciation of the wisdom of ancient scholars. Nevertheless, it also introduced challenges and contradictions in reconciling the novelties of the expanding world with the enduring imago mundi of old. Medieval works and ancient texts both played a role in elucidating the New World through authoritative proclamations, relying on the authority of scholarhip traditions rather than practical knowledge. Consequently, this study seeks to engage in a historiographical discourse surrounding the intricate interplay between continuity and mutation, as the weight of literary and descriptive traditions vied with the influence of astronomical and geometric abstractions in the realm of geographic and cosmological comprehension
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Vitte, Antonio Carlos, 1962-
Orientador
Marandola Junior, Eduardo, 1980-
Avaliador
Carneiro, Celso Dal Ré, 1951-
Avaliador
Davim, David Emanuel Madeira, 1982-
Avaliador
Ribas, Alexandre Domingues, 1977-
Avaliador
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Antonio Carlos Vitte
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Antonio Carlos Vitte