Resumo: Este trabalho tem por objetivo contribuir com o debate sobre as atuais tendências e dinâmicas da educação básica, tendo como objeto de análise a Reforma do Ensino Médio (Lei n. 13.415/2017). Investigam-se os projetos que a antecederam desde os anos 1990, a influência das organizações ligadas ao empresariado na sua confecção e as suas articulações com o processo de privatização da educação básica. Analisamos, também, os paralelos entre a Reforma do Ensino Médio e as formas contemporâneas de organização e controle do trabalho, relacionando o seu principal componente propagandístico — o princípio do "protagonismo juvenil" — com o discurso em torno do empreendedorismo. A ideia de que o Novo Ensino Médio seja uma educação personalizada, customizada, que atende às demandas do estudante individualmente a partir da oferta de um cardápio de itinerários formativos, é mais uma rodada da ideologia do capital na educação, sendo possível traçar paralelos entre o discurso do "protagonismo juvenil" e as formas contemporâneas de exploração de mão-de-obra. A propaganda que afirma que, agora, o aluno "escolhe" as trilhas formativas que mais lhe convém assemelha-se muito àquela que diz que o trabalhador/empreendedor "escolhe" onde, quando e por quanto tempo trabalha. Nesse sentido, a Reforma do Ensino Médio tem por objetivo "formar" esse tipo de trabalhador que não encontra apoio entre os pares, que se encontra sozinho e em competição com os demais, que encontra dificuldades na construção da solidariedade. A Reforma do Ensino Médio, que atomiza os estudantes com a "personalização" do ensino, tenta adaptá-los a essa nova "condição" de trabalho Ver menos

Abstract: This work aims to contribute to the debate on the current trends and dynamics of basic education, having as object of analysis the High School Reform. It investigates the projects that preceded it since the 1990s, the influence of organizations linked to the business community in its production and its articulations with the process of privatization of basic education. We also analyze the parallels between the High School Reform and contemporary forms of organization and control of work, relating its main propagandistic component — the principle of "youth protagonism" — with the discourse around entrepreneurship. The idea that the New High School is a personalized, customized education that meets the demands of the individual student from the offer of a menu of formative itineraries, is another round of the ideology of capital in education, making it possible to draw parallels between the discourse of "youth protagonism" and contemporary forms of labor exploitation. The advertisement that claims that, now, the student "chooses" the training paths that best suit him/her is very similar to the one that says that the worker/entrepreneur "chooses" where, when and for how long they work. In this sense, the High School Reform aims to "train" this type of worker who does not find support among peers, who finds himself alone and in competition with others, who finds it difficult to build solidarity. The High School Reform, which atomizes students with the "personalization" of teaching, tries to adapt them to this new work's "condition" Ver menos