Orientador: Helena Altmann

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação

Resumo: Por meio da realização de uma análise fílmica da série Atypical, esta pesquisa tem como intuito analisar a constituição da sexualidade em um sujeito neurodiverso e, de um modo mais amplo, analisar o que a neurodiversidade revela sobre os regimes de verdade, em torno da sexualidade presentes...

Resumo: Por meio da realização de uma análise fílmica da série Atypical, esta pesquisa tem como intuito analisar a constituição da sexualidade em um sujeito neurodiverso e, de um modo mais amplo, analisar o que a neurodiversidade revela sobre os regimes de verdade, em torno da sexualidade presentes na sociedade contemporânea. A adoção da série enquanto objeto-filme possibilita, por meio da descrição do texto fílmico, a exploração dos modos de endereçamento e das representações trazidas ao abordarem questões relacionadas à sexualidade. A interlocução entre os estudos de gênero, os estudos sobre deficiência e a neurodiversidade são considerados nesta pesquisa enquanto potentes alianças contingentes que possibilitam reflexões acerca da produção da subjetividade, a troca de experiências que escapam do biopoder e das práticas de governamentalidade. Pontuamos que, a narrativa trazida por Atypical está em consonância com pesquisas até então realizadas sobre a sexualidade dos autistas, em que tais sujeitos são constantemente invisibilizados e estigmatizados por uma sociedade capacitista. Além de abordar os sentimentos despertados em familiares ao notarem as expressões da sexualidade de sujeitos neurodiversos; o receio e a censura frente às perguntas ou instruções; a predominância de perspectivas normativas que marginalizam as singularidades em defesa de uma suposta sexualidade dócil e natural; o controle de familiares frente às oportunidades de criação de vínculos, impossibilitando a vivência de uma sexualidade saudável e autêntica, retirando dos autistas o direito a autonomia e a sexualidade. Os modos de endereçamento que atravessam os espectadores, dentre eles familiares, profissionais da saúde e educação, possibilitam a produção de novos saberes sobre corpos que antes eram tidos como abjetos. Conclui-se que os regimes de verdade circulam nas relações sociais e que fazem parte de um dispositivo que tende a docilizar e categorizar os sujeitos de acordo com a sua adesão às normas socialmente impostas, definindo-os enquanto neurotípicos/neurodiversos, normais/abjetos. Enfatizamos a compreensão de que não somente nosso sexo é governado, mas toda a nossa composição corporal, inclusive a maneira como nos sentimos, relacionamos e expressamos

Abstract: Through a film analysis of the Atypical series, the present research aims to analyze the constitution of sexuality of a neurodiverse subject and, in a broader way, to analyze what neurodiversity reveals about the regimes of truth, around the sexuality present in contemporary society. The...

Abstract: Through a film analysis of the Atypical series, the present research aims to analyze the constitution of sexuality of a neurodiverse subject and, in a broader way, to analyze what neurodiversity reveals about the regimes of truth, around the sexuality present in contemporary society. The adoption of the series as a film-object makes it possible, through the description of the filmic text, to explore the modes of address and the representations brought about when discussing issues related to sexuality. The dialogue between gender studies, disability studies and neurodiversity are addressed in this research as potent contingent alliances that allow countless reflections on the production of subjectivity, the exchange of experiences that escape biopower and governmentality practices. We point out that the narrative brought by Atypical series is in line with research carried out so far on the sexuality of autistic people, in which such subjects are constantly made invisible and stigmatized in a society based in normative bodiedness. Besides to debating the feelings of family members and how they perceive expressions of the sexuality of neurodiverse subjects; the fear and censure in the face of questions or instructions; the predominance of normative perspectives that marginalize singularities in defense of a supposedly docile and natural sexuality; the control of family members in the face of opportunities to create bonds, making it impossible to experience a healthy and authentic sexuality, withhold from autistic people the right to autonomy and sexuality. The modes of address that pass through the spectators, including family members, health and education professionals, enable the production of new knowledge about bodies that were previously considered abject bodies. It is concluded that the regimes of truth circulate in social relations and that they are part of a device that tends to docile and categorize subjects according to their adherence to socially imposed norms, defining them as neurotypical/neurodiverse; normal/abject. We emphasize the understanding that not only our sex is governed but our entire body composition, including the way we feel, we relate and we express ourselves

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