Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar a desigualdade racial no mercado de trabalho no Brasil durante o período de 2012 a 2021, ressaltando os impactos da recessão econômica de 2015–2016 e da crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19. A análise empírica se baseia em dados da PNAD Contínua. A bibliografia selecionada oferece um arcabouço teórico que contribui para entender o foco prioritário do estudo: a precariedade ocupacional da população negra. O "trabalho precário" é definido como a sobreposição de informalidade com baixa renda, isto é: emprego sem carteira assinada (no setor privado, no setor público e no trabalho doméstico), trabalho por conta própria sem inscrição no CNPJ, pequeno empregador sem inscrição e trabalho familiar auxiliar, sempre que o rendimento mensal é menor que 1,0 salário mínimo. A recessão econômica interrompeu o gradual processo de redução das desigualdades raciais no mercado de trabalho, impactando mais fortemente a situação ocupacional de negros e negras, tendo em vista a precariedade e a vulnerabilidade agravadas pela discriminação racial. Posteriormente, a pandemia contribuiu para a ampliação dessas desigualdades, aumentando o percentual de trabalhadores negros e trabalhadoras negras em situação de precariedade ocupacional. Os indicadores relativos a desemprego, subemprego, informalidade e rendimento médio comprovam a persistência de desigualdades elevadas entre a população negra e a não negra, principalmente para os ocupados em "trabalhos precários". A desigualdade racial é um traço estrutural do mercado de trabalho nacional, problema cuja gravidade aumenta nos momentos de crise em razão da maior vulnerabilidade às oscilações econômicas e da maior desproteção após a reforma trabalhista. Para combater a desigualdade racial no mercado de trabalho, é preciso ampliar os mecanismos de proteção social, mas é essencial atacar o mal pela raiz: eliminar o racismo estrutural, que está ligado intrinsecamente ao modo predominante de exploração da força de trabalho no Brasil Ver menos

Abstract: This paper aims to analyze racial inequality in the labor market in Brazil during the period from 2012 to 2021, highlighting the impacts of the economic recession of 2015-2016 and the economic crisis generated by the Covid-19 pandemic. The empirical analysis is based on data from PNAD Continuous. The selected bibliography offers a theoretical framework that contributes to understanding the priority focus of the study: the occupational precariousness of the black population. "Precarious work" is defined as the overlapping of informality with low income, that is: employment without a signed contract (in the private sector, in the public sector, and in domestic work), self-employment without a CNPJ registration, small employer without a registration, and auxiliary family work, those with an income of less than 1.0 minimum wage. The economic recession interrupted the gradual process of reducing racial inequalities in the labor market, impacting much more strongly on the occupational situation of black men and women, in view of the vulnerability aggravated by racial discrimination. Subsequently, the pandemic contributed to the expansion of these inequalities, increasing the percentage of black male and female black workers in precarious occupational situations. The data on unemployment, underemployment, informality, and average income prove the persistence of high inequalities between the black population and the non-black population, especially "precarious work". Racial inequality is a structural feature of the national labor market, a problem whose gravity increases in moments of crisis due to greater vulnerability to economic oscillations and greater unprotection after the labor reform. To combat racial inequality in the labor market it is necessary to expand social protection mechanisms, but it is essential to attack the evil at its root: to eliminate structural racism, which is intrinsically linked to the prevailing mode of exploitation of the workforce in Brazil Ver menos