Água mole, terra dura, povo brada até que fura [recurso eletrônico] : (o que narram CPT e Fiocruz sobre os conflitos socioambientais no Brasil)
DISSERTAÇÃO
T/UNICAMP Sa59a
[Soft water, hard earth, bad people until it sticks ]
Campinas, SP : [s.n.], 2017.
1 recurso online (166 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Antonio Carlos Rodrigues de Amorim
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: O conflito em sociedade pode indicar que algo no contexto das relações grupais/interpessoais precisa de mudança. Daí que alguns autores das ciências sociais vão falar em potencial criativo dos conflitos. Há, porém, instituições que documentam situações conflitivas Brasil adentro, notadamente...
Resumo: O conflito em sociedade pode indicar que algo no contexto das relações grupais/interpessoais precisa de mudança. Daí que alguns autores das ciências sociais vão falar em potencial criativo dos conflitos. Há, porém, instituições que documentam situações conflitivas Brasil adentro, notadamente a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), considerando seus aspectos mais controversos, não necessariamente aceitando-os como ocorrências naturais e, sim, fruto de tensões arbitrárias, muitas vezes evitáveis. Através dos mapeamentos realizados sistematicamente por Fiocruz e CPT, os conflitos socioambientais, incluindo aqueles pela água, são retratados do ponto de vista de suas consequências nocivas para povos do campo e, em menor grau, pessoas em zonas urbanas. Muitas vezes porque projetos de desenvolvimento econômico ou políticas públicas salientam as diferentes visões de sujeitos em relação à apropriação de bens naturais. Posto isso, e diante também da importância das lutas serem trazidas a público, nos dedicamos a notar como a Pastoral e a Fiocruz organizam uma narrativa a partir de livros impressos e mapa online. Detalhamos a forma desta narrativa, separando os seus argumentos em "etiquetas" (situacionalidade, representatividade, vulnerabilidade, cientificidade, religiosidade e papel da imprensa), as quais nos indicam a existência de uma história sobre as lutas por recursos naturais. Nessa narrativa, saberes canônicos, notadamente religião e ciência, operariam para legitimar a narrativa e, obviamente, a luta das populações, quase sempre invisibilizada pela imprensa. Os meios de comunicação, nesse contexto, atuariam como antagonistas de interesses democráticos de povos e comunidades tradicionais e, ao mesmo tempo, fonte destacada por, vez outra, repercutir casos de conflito, tal como caderno e mapa. Nessa história, a crise da água, por exemplo, inflamaria os casos e as estatísticas robustas seria o modo de apresentar e dimensionar os casos. Os números rigorosamente coletados e interpretados por especialistas são, como se constata, questionados pelas próprias instituições que os fabricam: mostram e/ou ocultam os rostos? Analisamos 14 edições dos relatórios Conflitos no Campo Brasil, da CPT, e do Mapa de Conflitos da Fiocruz, percorrendo páginas impressas e virtuais tentando etiquetar a narrativa e identificando aspectos implícitos e explícitos nos textos que divulgam os conflitos por recursos hídricos e tentando especular o que essa narrativa produziria
Abstract: The conflicts within society may indicate that some aspects of the context in group/interpersonal relationships needs change. Because of that, social sciences' authors may write about the creative potential of conflicts. However, there are institutions which document conflictive situations...
Abstract: The conflicts within society may indicate that some aspects of the context in group/interpersonal relationships needs change. Because of that, social sciences' authors may write about the creative potential of conflicts. However, there are institutions which document conflictive situations within Brazil, notoriously the Earth's Pastoral Comission (CPT, in Portuguese) and the Oswaldo Cruz Institute and Foundation (Fiocruz), considering its most controversial aspects, not necessarily accepting them as natural causes but instead as fruits of sometimes avoidable arbitrary tensions. Through Fiocruz's and CPT's systematic mapping, social-environmental conflicts, including the ones related to water issues, are portrayed from the point of view of its hurtful consequences to the rural people and, in minor scale, to those who live in urban areas. It is because many times economic development projects and public policies highlight the different views regarding natural resources' appropriation. Facing the importance of the struggle becoming public, we dedicated to observe how Pastoral and Fiocruz organised their narrative through print books and online mapping. We have detailed the shape of this narrative, sorting its pleas between "labels" (situationality, representativeness, vulnerability, scientificness, religiousness and the media role), which indicate the existence of a struggle for natural resources. In this narrative, canonical knowledge, notoriously religion and science, would legitimise the narrative and, obviously, the struggle of populations, almost always invisibilised by the media. The media, in this context, would antagonise the people's and traditional communities' democratic interests and, at the same time, become a source of, every now and then, reporting conflict stories, such as a notebook and a map. In this story, the water crisis, for example, would increase the cases and huge statistics would be the way of presenting and measuring those cases. Those numbers, rigourously collected and interpreted by specialists, are questioned by the same institutions that fabricate them: do they show faces or hide them? We have analysed 14 editions of the Brazil's Countryside Conflicts, from CPT, and Fiocruz's Conflicts map, going through print and virtual pages attempting to label the narrative and identifying implicit and explicit aspects in texts that report water related conflicts and trying to speculate what this narrative would create
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF