Impactos do racismo na vivência universitária [recurso eletrônico] : a experiência de estudantes negros em uma universidade pública brasileira (2017-2018)
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP V551i
[Impacts of racism on university experience]
Limeira, SP : [s.n.], 2023.
1 recurso online (146 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientadores: Ana Maria Galdini Raimundo Oda, Carolina Cantarino Rodrigues
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas
Resumo: O racismo é uma das bases da formação da sociedade brasileira que, desde a colonização, se utiliza de seus princípios para estruturar a hierarquia social e os símbolos e significados que cada grupo racial possui nas instituições. As atribuições desses significados impactam as relações...
Resumo: O racismo é uma das bases da formação da sociedade brasileira que, desde a colonização, se utiliza de seus princípios para estruturar a hierarquia social e os símbolos e significados que cada grupo racial possui nas instituições. As atribuições desses significados impactam as relações interpessoais em todos os níveis, fazendo do racismo um problema complexo e enraizado em todas as áreas da sociedade. Há muitos estudos sobre os impactos das questões raciais nas desigualdades social, política e econômica. Além disso, é relevante observar os impactos do racismo nas subjetividades e identidades de sujeitos negros e brancos, em suas vivências e relações interpessoais. Este trabalho visa discutir os impactos do racismo nas percepções e vivências universitárias dos discentes de graduação negros de uma universidade pública brasileira. No Capítulo 1, à luz da bibliografia, discutimos os conceitos de identidade e subjetividade, raça, as teorias raciais e suas relações com a identidade negra. O Capítulo 2 traz reflexões sobre as narrativas raciais históricas que fundamentaram a imagem e a posição das pessoas negras na sociedade brasileira, e comenta alguns dados atuais sobre as percepções de racismo, preconceito e discriminação no Brasil. No Capítulo 3, apresentamos a literatura científica sobre desigualdades sociais na educação e relações raciais no ensino superior, qualidade de vida e saúde mental de estudantes negros, e sobre pertencimento e bem-estar no ambiente universitário. A seguir, são apresentados e discutidos dados secundários da pesquisa "O estudante da Unicamp: perfil sociodemográfico e cultural, identidade pessoal e social, espiritualidade, sexualidade, qualidade de vida, uso de álcool e outras substâncias psicoativas, saúde física e saúde mental (2017-2018)", acrônimo em inglês estudo CAMPUS. O grupo de alunos negros era minoritário na amostra, a maioria deles originária de famílias de menor renda, estudou em escola pública e recebeu bonificação no vestibular. Comparativamente aos estudantes brancos, um percentual maior de alunos negros conciliava estudos e trabalho, recebia bolsas de permanência, considerava seu desempenho acadêmico abaixo de média, referia não estar no curso de graduação desejado, tinha pior autoavaliação da qualidade de vida e praticava menos atividades físicas. Mais estudantes negros procuravam os serviços de assistência psicológica e psiquiátrica da universidade, e maior proporção referiu tentativas de suicídio, experiências de bullying e de discriminação por cor/raça na vida. Apresentavam maior probabilidade de ter transtornos mentais comuns e maior percentual referiu comportamentos de autolesão não-suicida. Menor proporção de alunos negros afirmava se sentir pertencente à universidade e ser respeitado no campus. Para cerca de metade dos estudantes negros, sua origem racial era motivo de orgulho. Por outro lado, em respostas abertas apareceram sentimentos de inadequação, de não-pertencimento, de baixa autoestima, e de indefinição identitária. Os resultados confirmam a hipótese de que o racismo e a discriminação racial estavam presentes no ambiente universitário, afetando negativamente a experiência de estudantes negros, agravando fatores prévios de risco e vulnerabilidade desse grupo. A partir da reflexão sobre tais resultados, propomos ações institucionais, em âmbitos locais e centrais da universidade, com o objetivo de mitigar os problemas encontrados, bem como para subsidiar futuras pesquisas
Abstract: Racism is one of the bases for the formation of Brazilian society, which, since colonization, has used its principles to structure the social hierarchy and the symbols and meanings that each racial group has in institutions. The attributions of these meanings impact interpersonal...
Abstract: Racism is one of the bases for the formation of Brazilian society, which, since colonization, has used its principles to structure the social hierarchy and the symbols and meanings that each racial group has in institutions. The attributions of these meanings impact interpersonal relationships at all levels, making racism a complex and deep-rooted problem in all areas of society. There are many studies on the impacts of racial issues on social, political, and economic inequalities. Furthermore, it is crucial to observe the impacts of racism on the subjectivities and identities of black and white subjects and their experiences and interpersonal relationships. This work aims to discuss the impacts of racism on the perceptions and university experiences of black undergraduate students at a Brazilian public university. In light of the literature, Chapter 1 discusses the concepts of identity and subjectivity, race, racial theories, and their relationships with black identity. Chapter 2 reflects on the historical racial narratives that underpinned the image and position of black people in Brazilian society and comments on some current data on perceptions of racism, prejudice, and discrimination in Brazil. Chapter 3 presents the scientific literature on social inequalities in education and race relations in higher education, black students' quality of life and mental health, and on belonging and well-being in the university setting. Next, we discuss secondary data from the research "Comprehensive Assessment of Multiple Parameters of University Students (2017-2018)" – acronym: CAMPUS Study. The group of black students was a minority in the sample; most of them came from lower-income families, studied in public schools, and received a bonus in theentrance exam. Compared to white students, a higher percentage of black students balanced studies and work, received permanence grants, considered their academic performance below average, reported not being in the desired degree course, had a worse self-assessment of their quality of life, and practiced less physical activity. More black students sought the university's psychological and psychiatric assistance services, and a more significant proportion reported suicide attempts, experiences of bullying, and discrimination based on color/race in their lives. They were more likely to have common mental disorders, and a higher percentage reported non-suicidal self-harm behaviors. A smaller proportion of black students said they felt they belonged to the university and were respected on campus. For about half of black students, their racial background was a source of pride. On the other hand, in open answers, feelings of inadequacy, non-belonging, low self-esteem, and identity uncertainty appeared. The results confirm the hypothesis that racism and racial discrimination were present in the university, negatively affecting the experience of black students and aggravating previous risk and vulnerability factors for this group. Based on reflection on these results, we propose institutional actions at local and central levels of the university, intending to mitigate the problems encountered and support future research
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